quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A Antiguidade Cristã

A Antiguidade cristã: espiritualismo cultual

            Na antiguidade cristã, a liturgia é teologia e podemos observar três aspectos, a saber:

  1. Ritualismo cultual (a liturgia coincide com a teologia), 
  2. Espiritualismo cultual (culto em espírito e verdade) e 
  3. Teologia do culto (o mistério invade toda a vida cristã).


      O culto espiritual é confrontado com o culto ritual do paganismo. Jesus não criou do nada os atos do culto que a Igreja celebra, mas tomou-os da práxis vigente no culto hebraico acrescentando a grande novidade de sua pessoa e de sua Páscoa.

      A Igreja Apostólica seguiu esta linha: as formas cultuais não praticadas ainda por Jesus quase nunca foram inventadas como novidades pela Igreja, mas inspiraram-se nos modelos já existentes nas tradições cultuais do judaísmo.

     Cristo é o centro do culto e a presença divina já não fica vinculada ao templo, mas à pessoa de Cristo. 

     O conjunto do culto, ritual e sacrifício, já não têm valor. A antiga estrutura da religião é substituída por outra nova. É um novo modelo de religião, estruturada em torno da fé em Cristo ressuscitado. Trata-se de um culto espiritual no sentido mais etimológico da palavra. Eles mesmos consideravam a santidade interior seu verdadeiro culto, como homenagem ao Deus três vezes santo.

    O conjunto do culto ritual e sacrifical não tem valor. A oferenda de si mesmos é viva e vivente e não se realiza mediante os animais mortos. A vida cristã não consiste em se abster do mundo presente, com um sentido puramente negativo, mas numa ótica positiva através da transformação positiva de cada um e da renovação da mente e do coração.

    Cristo é templo, sacrifício, altar e Páscoa. Cristo recebeu um ministério superior. Ele é o mediador de uma aliança bem melhor, baseada em promessas melhores. Toda a existência cristã transforma-se no exercício de um sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por meio de Jesus Cristo. O ser humano consagrado no nome de Deus e a ele prometido, enquanto morre para o mundo para viver de Deus é um sacrifício.

   O sacrifício dos cristãos consiste em todos formarem um único corpo com Cristo: o sacrifício de Cristo, que configura o mistério pascal; e o sacrifício dos cristãos através da vida, das boas obras e da oração.

     Cristo é também altar e isso indica que tal altar não é tanto a mesa eucarística, mas a cruz na qual Cristo foi imolado, mediante o qual são oferecidas orações a Deus.

    São Gregório Magno que em sua Homilia sobre Ezequiel registra que sobre o altar, diz: “Que é o altar de Deus senão a alma daqueles que levam uma vida santa. Com razão, portanto, o coração dos justos chama-se altar de Deus”. 
     
     Clemente de Alexandria ensina que “Temos aqui na terra um altar que é a união dos que se dedicam à oração e que têm uma voz comum e um mesmo ideal”.

    Cristo é a verdadeira Páscoa. Nos primeiros séculos havia somente uma celebração anual da Páscoa, enquanto o domingo era a festa semanal: ambas as festas celebravam a totalidade do mistério pascal da salvação realizada por Cristo, celebrando sua ressurreição. 

     Antes do século IV, não havia nenhum ciclo de liturgias comemorativas da Semana Santa. A celebração da vigília pascal constituía o ponto de apoio de toda a vida espiritual da comunidade primitiva. 

     A partir do século III, a incorporação do batismo ao ritual da vigília pascal acrescentou algo mais ao significado da festa pascal. Paulo ensina que, assim como Jesus morreu e ressuscitou pela nossa salvação, no batismo também o neófito morre para o pecado e ressuscita para a vida nova nele.


   Diferentemente dos hebreus, os judeus cristãos, ao professar que o Messias já havia chegado à pessoa de Jesus, simplesmente transportavam essa espera da segunda vinda de Jesus para parusia.

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