segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Documento de Aparecida - Parte I



Documento de Aparecida – Síntese da Primeira Parte
“A vida de nossos povos hoje”: O documento faz uso do método “ver, julgar e agir” para ver a realidade e os dons recebidos pela graça e fé que nos fazem discípulos missionários de Jesus em vista de uma missão.
Capítulo I – Os Discípulos Missionários: As luzes e as sombras dos tempos de hoje nos causam aflição, mas não são suficientes para nos confundir. Como discípulos missionários de Jesus Cristo somos destinatários de incalculáveis dons, que nos ajudam a olhar a realidade de nossos povos e de nossa Igreja, com seus valores, suas limitações, suas angústias e esperanças.
Ação de Graças a Deus: o Deus da Aliança, rico em misericórdia, nos amou primeiro. Por isso o bendizemos. Agradecemos a Deus por nos fazer seus colaboradores para que sejamos solidários com sua criação pela qual somos responsáveis e movidos pelo dom da Palavra; pela celebração da fé, que culmina na Eucaristia; pelo Sacramento do Perdão e pelo presente de Maria, Mãe de Deus e da Igreja.

A alegria de sermos discípulos e missionários de Jesus Cristo: A fé, a solidariedade e a alegria são os antídotos que fortificam o discípulo para enfrentar um mundo atemorizado pelo futuro e oprimido pela violência e pelo ódio. Deve-se ter presente que ser cristão não é uma carga, mas um dom e que a alegria da Boa Nova do Reino de Deus deve chegar a todos.

A missão da Igreja é evangelizar: Devemos proclamar aos pobres e pecadores o Evangelho, que é o próprio Jesus Cristo. A Igreja deve cumprir sua missão seguindo os passos de Jesus Cristo e adotando suas atitudes (cf. Mt 9,35-36). Importa ver a realidade que nos circunda à luz da providência Divina. O discípulo deve julgar segundo Jesus Cristo e atuar a partir dar da Igreja, utilizando o método “ver – julgar – agir”. Por fim, é imprescindível adotar atitudes de Jesus Cristo (servidor e obediente até à morte de cruz, sendo rico se fez pobre e colocou sua confiança no Pai). É “na generosidade dos missionários que se manifesta a generosidade de Deus.”

Somos chamados a transfigurar estes rostos: Pela promoção da dignidade pessoal e, pela fraternidade entre todos. “No rosto sofrido de Jesus, com o olhar da fé, podemos ver o rosto humilhado de tantos homens e mulheres de nossos povos.”
Capítulo II: Olhar dos discípulos missionários sobre a realidade
A realidade que nos desafia como discípulos e missionários: Os discípulos são constantemente desafiados a discernir os “sinais dos tempos”, à luz do Espírito Santo, para nos colocar a serviço do Reino. Deve-se ter consciência das especificidades das mudanças globais que afetam a realidade no mundo inteiro, a saber:
  1. O alcance universal da globalização; a influência da ciência e da tecnologia mediante a capacidade de manipular geneticamente a vida e agir através de uma comunicação de alcance universal. Toda a fragmentação produz uma crise de sentido. A religião e a cultura são dois âmbitos que dão unidade ao todo, mas também vêem suas tradições desmoronar-se.
  2. Os meios de comunicação invadiram todos os espaços gerando consequências para a família. A sociedade crê que pode funcionar como “se Deus não existisse”, mas é incapaz de dar resposta aos anseios da vocação humana. Observa-se a supervalorização da subjetividade individual e este individualismo enfraquece os vínculos comunitários.
  3. Evidencia-se uma espécie de colonização cultural, cujo resultado é uma cultura homogeneizada que conduz à indiferença com o outro. Prefere-se viver o presente e valorizar o imediatismo. As mulheres são submetidas a múltiplas formas de violência, dentro e fora de casa.
  4. Emergem novos sujeitos, com novos estilos de vida, maneiras de pensar, de sentir, de perceber, e novas formas de relacionar-se. Dilui-se a riqueza e a diversidade culturais de nossos povos. O poder e a riqueza se concentram nas mãos de poucos. As economias locais subordinam-se às instituições financeiras e às empresas transnacionais. Crescente nível de corrupção, tanto do setor público como do privado. Falta de credibilidade das Instituições públicas.
  5. Consequências nocivas ao trabalho humano (subemprego, desemprego, trabalho informal), que ensejam o fenômeno da mobilidade humana devido à precária situação econômica, ao crescimento da violência e à falta de oportunidades.

Em suma: é preciso promover uma globalização marcada pela solidariedade, pela justiça e pelo respeito aos direitos humanos.

Situação de nossa Igreja nesta hora histórica de desafios: A Igreja, como servidora dos pobres, desenvolve esforço para promover a dignidade dos pobres nos campos da saúde; economia solidária; educação; trabalho; acesso à terra; assistência; habitação; cultura. Empenha-se em promover a justiça; direitos humanos; reconciliação dos povos.
A Igreja é Instância de Confiança e Credibilidade: A adesão à Igreja pode redundar em perseguição e em morte de muitos (Testemunhas da fé). A Igreja se empenha em favor dos pobres

Os Frutos dos esforços pastorais da Igreja:
                
  1. Animação bíblica da pastoral; renovação da catequese; formação dos catequistas.
  2. Renovação litúrgica: destacando a dimensão celebrativa e festiva; inculturação da liturgia.
  3. Santidade de muitos presbíteros; testemunho de vida e trabalho missionário; criatividade pastoral; diaconato permanente; ministérios confiados aos leigos; testemunho da vida consagrada.
  4. Abnegada entrega de missionários na missão “Ad Gentes”.
  5. Renovação pastoral nas paróquias; florescimento das CEB; valorização dos movimentos eclesiais e novas comunidades; Pastoral Familiar / do Menor e / da Juventude.
  6. Maior interesse pela formação teológica de leigos; novo impulso na Pastoral Social e na Pastoral da Comunicação.
  7. Avanço na Pastoral Orgânica; Desenvolvimento do diálogo ecumênico e inter-religioso; Busca de espiritualidade, de oração e de mística; Profundo  sentimento de solidariedade.           

“SOMBRAS”:

 I.  Crescimento do número de católicos menor que o crescimento da população.
    II.  Números de Padres se distancia do crescimento da população.
  III. Tentativas de voltar a uma eclesiologia e espiritualidade contrárias à renovação do Vaticano II;
  IV.   Ausência de uma autêntica obediência, infidelidade à doutrina, à moral e à comunhão.
 V.  Escasso acompanhamento aos leigos em suas tarefas de serviço à sociedade.
VI.   Evangelização com pouco ardor; ritualismo; falta de formação dos agentes de pastoral; espiritualidade individualista.
 VII.  Linguagem pouco significativa; falta de presença no campo da cultura, do mundo universitário e da comunicação social.
VIII.  Dificuldades na sustentação econômica das estruturas pastorais.
  IX.  Perda do sentido da vida e abandono da religião; católicos que deixam a Igreja para aderir a outros grupos religiosos.
   X.  Grande quantidade de grupos pseudos cristãos.
XI.   Falta de coerência evangélica – estilo de vida incompatível com a verdade e a caridade;
XII.  Falta coração, persistência e docilidade para continuar a renovação do Vaticano II.


REFERÊNCIAS:


CONSELHO EPISCOPAL LATINO AMERICANO, CELAM. Documento de Aparecida: Texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe .4 ed. Brasília: Edições CNBB, 2007.