sábado, 18 de janeiro de 2014

Afinal: Quem sou eu?

Afinal: Quem sou eu?


Quem sou eu? Esta é apenas uma parte de mim.
Eu sou aquele que os meus amigos acreditam que eu seja?
Sou aquele que eu mesmo acredito que seja?
Identifico-me com o papel que represento diante de quem me conhece, ou ainda com a máscara com a qual me revisto diante dos estranhos?
Na Igreja me comporto de modo diverso de como ajo no trabalho?
E, estando em casa, comporto de modo diferente de quando estou em público.

Quem sou eu verdadeiramente?

Constato que não me identifico sequer com os meus sentimentos e com os meus pensamentos.
Os pensamentos e sentimentos estão dentro de mim, porém não absorvem completamente o meu eu que pode ser encontrado para além de qualquer forma de pensamento ou sentimento.
Este “eu” inclui algo mais do que um diferencial em relação aos outros, mais do que a minha capacidade, o meu saber e o meu sentir. Muito mais do que o resultado da história da minha vida.
O “eu” significa: sou chamado por Deus pelo meu nome.
Assim, encontrar-me comigo mesmo significa ter idéia daquela única palavra de Deus em mim. Deus já falou através de minha existência, pronunciou sua palavra em mim.
Não podemos responder de forma consciente e engajada se não seguimos o caminho que nos leva à maturidade pessoal, se não nos perguntarmos:
“Quem sou eu? O que procuro? O que quero?
Para construir minha personalidade, é preciso uma vida toda, pois é somente ao término que terei plenamente realizado o projeto de Deus. Só então poderei reconhecer o meu nome inscrito nos céus desde o primeiro dia da Criação.
Será que me conheço verdadeiramente, no mais profundo do meu ser?
Esta é a pergunta que sempre me fiz, particularmente nas horas em que os acontecimentos e as circunstâncias põem minhas reações, comportamento e a minha própria identidade à dura prova, quando os meus projetos e desejos encontram obstáculos e insucessos.
O tempo que passa renova esta pergunta por ocasião das nossas experiências mais determinantes, porque o que somos nunca foi fixado de modo definitivo. Os acontecimentos, os encontros significativos, as alegrias e os sofrimentos contribuem para construir nossa identidade ao longo do tempo.  Quem sou eu?
Ao nascer, não passava de uma promessa a realizar, de uma realidade que é um vir-a-ser.
Recebi os dons do acolhimento e do afeto de meus pais. As carícias, o calor, a alimentação, a resposta solícita às minhas necessidades primárias foram fundamentais para estabelecer as primeiras bases da minha identidade.
Esse processo não parou com o fim da primeira infância, mas continuou durante a adolescência, a juventude e segue por toda a vida. Precisarei sempre de amor para encontrar o equilíbrio, a maturidade e, portanto, a minha identidade.
Portanto, a pergunta “quem sou eu” nunca recebe uma resposta definitiva, porque amadurece a cada dia.
O Senhor da história me ampara e constantemente me dá vida pelo amor e pelo dom representado pelos que me amam. Deus está sempre presente em minha vida pela atenção e pelo bem que transmite por intermédio das pessoas que me acolhem, que me perdoam, que me amparam e que me escutam.
Muitas vezes me vi tentado pelo individualismo, pela auto-suficiência e pelo orgulho.
“Não preciso de ninguém para viver”
Essa tentação é forte e me levou e ainda me leva a emitir juízos que excluem os outros da minha vida. 
“É assim que eu sou, e em nada mudarei”
Fecho-me para situações que poderiam modificar em mim as palavras e os gestos de amor.
Sofri e aprendi que o isolamento pode provocar muitos danos. 
Sou grato pelos dons que Deus me concede por intermédio daqueles que me amam.  Sei, também, que não estou na origem do que tenho de bom, porque tudo me foi dado: as qualidades, a ternura que se exprime em mim, o nível de gratuidade que coloco nas minhas ações, tudo isso são graças que Deus deixa penetrar em mim, por meio daqueles que, pelo amor que têm por mim, ensinaram-me a amar.
Posso considerar como meu tesouro e minha propriedade os dons recebidos?
Ou sou chamado a tornar-me dons para os outros, como os outros foram e são para mim?
O nome “filho de Deus” é a identidade à qual todo homem é chamado. Essa identidade será a nossa intimidade com Deus, uma relação de amor exclusiva e única para cada um.
Seremos o templo do Deus vivo se nos entregar, comunicar os nossos sentimentos, nossas angústias e nossas alegrias a todos, se nos esforçarmos em ser amor para os outros. Seremos consoladores, artífices da paz, de justiça e de misericórdia.
Quando menino eu me perguntava: o que é esta vida, se, afinal de contas, todos acabarão num túmulo? Observava as pessoas correndo de um lado para outro, contava os carros circulando na rua e pensava que todos andariam pela terra alguns anos e no final, o mistério do nada engoliria a todos.
Mas tive a graça de perceber que a vida é um breve lapso, apenas um piscar de olhos, comparada com a eternidade que nos espera.
Do Bem aventurado João Paulo II guardei uma frase que muito me ajudou: “Não tenhais medo! Procurai abrir, ou melhor, escancarar as portas para DEUS”.
Mas, o que é que permanece, afinal, ao longo da vida?
Pude compreender que o mais importante não é a quantidade de tempo que disponho. Mesmo porque o tempo é uma convenção criada pelo próprio homem. Entrei na vida num ponto determinado, mas o ponto final só conhecerei quando ele chegar.
Embora Deus aja como queira, quando queira e com os instrumentos que queira, Ele utiliza da livre colaboração de cada um de nós para realizar os seus desígnios. Só sei que, mesmo sendo um ser tão limitado, a minha vida é prova de que podemos conseguir maravilhas quando vivemos e trabalhamos por Deus e unidos a Ele.
Tenho consciência de que recebi muitos dons de Deus: a existência, o batismo, a fé, o conhecimento de Jesus e muitos outros.  Mas, pergunto: em meio à luta diária para construir a minha existência terrena, o que é que estou fazendo para ganhar a vida eterna?
Como posso oferecer ao Senhor como fruto de tantos anos de vida algo que poderia ter realizado em 20 ou 40 anos apenas.  Será que vegetei e vaguei, buscando satisfazer os meus próprios desejos?
O mais importante para mim foi encontrar Deus.
Você já reparou que a gente está sempre sentindo uma espécie de falta de alguma coisa? Por mais que se preencha o tempo com uma porção de atividades, sempre vem aquela espécie de vazio.
Repare quando você compra ou ganha uma coisa que desejou muito, um relógio, por exemplo, nos primeiros dias é aquele encantamento! A toda hora você vê o relógio! Mas depois, aos poucos, parece que aquilo vai perdendo a graça, e agente passa a desejar outra coisa.
É para preencher esse vazio, essa ânsia, que uns procuram refúgio em situações extremas.
Pois bem, esta falta, esta ânsia é o desejo de encontrar Deus, porque nós fomos feitos para Ele.
Esse momento é muito particular de cada um.
O importante  é “ Ser” e não “Ter”. O homem é chamado a prolongar, através do seu trabalho e de suas ocupações ordinárias, a ação criadora de Deus no mundo. O Cristão é um ser comprometido, através das suas próprias ocupações, com a construção da civilização da justiça e do amor.
Somos uma síntese perfeita de espírito e matéria. A nossa alma é espírito, de natureza similar ao anjo; seu corpo é matéria, similar em natureza aos animais. Porém, não somos nem anjo e nem animal; somos um ser à parte por direito próprio, um ser com um pé no tempo e outro na eternidade. Todas as nossas ações não podem ser atribuídas isoladamente ao corpo ou ao espírito, mas ao terceiro componente daí resultante: o homem
O nosso corpo é um dom que temos de apreciar, um dom que devemos agradecer. É a morada para a alma espiritual, que é a que lhe dá vida, poder e sentido. O homem tem um sentido imortal. No homem se encontram o mundo da matéria e o do espírito. A alma é a parte imortal. Além de sentir, viver e mover-se, implica por extensão o pensar e o entender.
Deus nos fez à sua imagem e semelhança. Enquanto o nosso corpo, como todas as obras de Deus, reflete o poder e sabedoria divinos, a nossa alma é um retrato de seu Autor de um modo especialíssimo. É um retrato em miniatura e bastante imperfeito. Mas esse espírito que nos dá a vida e substância é imagem do Espírito infinitamente perfeito que é Deus.
Este é o tempo – o único tempo – que dispomos para lutar e forjar o meu próprio destino eterno.  Aprendi que triunfar na vida não é ter bens materiais, mas é ter Deus como origem e meta da minha vida.   Como foi bom para o meu coração descobrir em Deus o meu refúgio. Como foi bom compreender que a amizade com Deus é mais importante do que qualquer tesouro da terra. De que vale gastar todos os anos da vida pensando em ganhar mais e mais dinheiro só para continuar enchendo o baú. O que iremos levar para a outra vida?
Hoje, no escuro do nosso quarto e no silêncio desta noite estaremos frente a frente com o filme da minha vida que continuará rodando.  Somente uma coisa é impossível a Deus: Deixar de te amar.
Vamos aproveitar este momento para nos indagar:
Quem sou eu?

”Regnare Christum Volumus”
(Queremos que Cristo Reine).

Texto: César Bergo


sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Nossa Senhora de Nazaré

NOSSA SENHORA DE NAZARÉ, RAINHA E PADROEIRA DA AMAZÔNIA

                     
Nossa Senhora de Nazaré é um dos nomes pelos quais a Virgem Maria é invocada em inúmeros locais, especialmente em Portugal e na Espanha. No Brasil, no estado do Pará, na sua capital Belém, a devoção atrai multidões vindas de todas as partes do País para a Festa do Círio de Nazaré – maior evento religioso local.

A origem histórica da Devoção

A imagem original de Nossa Senhora da Nazaré, que representa Maria com o Menino Jesus nos braços, está no Santuário que leva seu nome em Portugal. Sua história foi publicada pela primeira vez, em 1609, por Frei Bernardo de Brito. O monge de Alcobaça conta ter encontrado nos registros de seu mosteiro uma doação territorial, de 1182, na qual constava a história da Senhora de Nazaré transcrita de um pergaminho do ano de 714.

Segundo o pergaminho, a imagem teria sido esculpida em Nazaré, na Galiléia, salva dos movimentos iconoclastas do século V pelo monge grego Ciríaco, que a entregou a São Jerônimo e este, a Santo Agostinho. Levada por ele ao mosteiro de Cauliniana, na Espanha, ali permaneceu até 711, ano de terrível batalha entre cristãos e mulçumanos. Na ocasião, Dom Rodrigo, rei cristão derrotado, conseguiu escapar do campo de batalha e, disfarçado de mendigo, refugiou-se no mosteiro. Em confissão, revelou sua identidade a Frei Romano e juntos fugiram, levando a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, que permaneceu escondida em Portugal durante muito tempo, até ser encontrada por pastores, séculos depois.

A popularidade desta devoção tornou-se tão grande que Vasco da Gama, antes e depois de sua primeira viagem à Índia, e Pedro Álvares Cabral, que viria a aportar no Brasil, visitaram a imagem da Senhora de Nazaré e renderam-lhe homenagem.

No Brasil

A partir dos séculos XVII e XVII ocorreu uma grande divulgação do culto de Nossa Senhora de Nazaré com várias igrejas e capelas dedicadas à sua devoção no mundo.

Em Belém, no mês de outubro de cada ano, realiza-se uma festa que recebeu o nome de Círio de Nazaré e transformou-se num fenômeno religioso, levando à cidade mais de dois milhões de peregrinos todos os anos.

Segundo historiadores, a devoção teve início no século XVII na povoação de Vigia (norte do Pará), com os padres jesuítas. A tradição relata, no entanto, que, em 1700, Plácido José de Souza, um caboclo descendente de portugueses, andava pelas imediações do igarapé Murutucu (área hoje correspondente aos fundos da Basílica) quando encontrou uma pequena estátua de Nossa Senhora de Nazaré. A imagem encontrava-se entre pedras lodosas e bastante deteriorada pelo tempo. Plácido a levou para casa, limpou-a e lhe improvisou um altar. Mas a imagem inexplicavelmente retornou ao lugar onde fora encontrada. O fato se repetiu algumas vezes, e o caboclo decidiu, então, erguer uma pequena ermida no local.

A divulgação do milagre atraiu a atenção dos habitantes da região, que passaram a freqüentar a capela e render homenagem à Mãe de Deus. O governador da Capitania, Francisco da Silva Coutinho, também ficou interessado e determinou a remoção da imagem para a capela do Palácio da Cidade. Porém, a imagem novamente desapareceu e ressurgiu em seu nicho original.

A devoção adquiriu, então, caráter oficial, e no lugar da primeira ermida hoje se encontra a suntuosa Basílica de Nossa Senhora de Nazaré. As linhas arquitetônicas tendem para o centro religioso e artístico da Igreja, a Capela Mor, onde se impõe o altar do Santíssimo Sacramento, o “Glória” e os anjos de mármore em estilo barroco que emolduram a pequenina estátua de Nossa Senhora de Nazaré.

Em 15 de dezembro de 1971, a Lei n. 4.371 declarou Nossa Senhora de Nazaré Padroeira do Pará e Rainha da Amazônia. A Basílica foi tombada pelo Patrimônio Histórico do Estado em 1992, por sua importância histórica, religiosa, cultural e artística.

A Caminhada da Fé

         São inúmeros os milagres realizados e as graças alcançadas por intercessão de Nossa Senhora de Nazaré.

        A procissão do Círio de Nazaré, realizada anualmente no segundo domingo de outubro, em Belém, é um dos momentos de maior manifestação religiosa do País. “Todo ato de peregrinação, de romaria, é um ato de fé”, afirmou Dom Orani João Tempesta, em 2007, quando Arcebispo Metropolitano de Belém. “A pessoa deixa a sua casa, e tem um encontro com Deus, um encontro de oração e de buscar no Senhor o sentido de sua própria vida”.

       A primeira procissão aconteceu em setembro de 1793. Em 1800, foi introduzida na procissão uma grande vela – o Círio – que guiava o cortejo e acabou por dar o nome à festa. Em 1855, incorporou-se à festa a tradicional berlinda, que abriga a imagem da Virgem durante a procissão, puxada por uma junta de bois. Em 1964, a berlinda, atolada em certo ponto do trajeto, foi rebocada pelos romeiros que puxavam com uma corda, que a partir de então passou a fazer parte da procissão.

           Ao longo do tempo ainda outros elementos foram incluídos, como o carro dos milagres, que serve como abrigo para ex-votos, o barco e o manto, que a cada ano é renovado.

          As festividades começam no final do mês de agosto, com a Missa do Mandato, na qual são abençoadas as réplicas da imagem original que serão levadas pelos representantes de diversas comunidades em peregrinação pelas casas, órgãos públicos, escolas e outras instituições e empresas da região.


       As romarias têm início na sexta-feira que antecede o segundo domingo de outubro e encerram-se na segunda-feira depois do quarto domingo do mês.

Obrigado.


quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

O Povo Judeu e as Sagradas Escrituras

O Povo Judeu e as suas Sagradas Escrituras na Bíblia Cristã

Os tempos modernos levaram os cristãos a uma maior tomada de consciência dos vínculos fraternos que os unem ao povo Judeu. 

Com efeito, a Pontifícia Comissão Bíblica (Documento n.8) achou oportuno dar a sua contribuição mediante apresentação de um trabalho, sob a ótica da exegese bíblica, que busca responder a seguinte pergunta:

 “Que relações a Bíblia cristã estabelece entre os cristãos e o povo judeu?

Mas, ao mesmo tempo em que lança a pergunta, a Comissão Bíblica aduz que a resposta para tal pergunta é clara: entre os cristãos e o povo judeu a Bíblia cristã estabelece relações múltiplas e muito estreitas, e isso por duas razões, a saber:

a)    A Bíblia cristã é composta, em grande parte, pelas “Sagradas Escrituras” (Rm 1,2) do povo judeu, que os cristãos denominam “Antigo Testamento”;

b)    A Bíblia cristã compreende um conjunto de escritos que, exprimindo a fé em Cristo Jesus, colocam esta última em estreita relação com as Sagradas Escrituras do povo judeu, chamado de “Novo Testamento”.

A conclusão é que é inegável a existência de relações estreitas. No entanto, não se trata de relações simples existindo perfeita convergência em alguns pontos e uma forte tensão entre outros.

Os estudos realizados para comentar tal fenômeno são apresentados em três capítulos:
  •  O primeiro constata que o Novo Testamento reconhece a autoridade do Antigo Testamento como revelação divina e não pode ser compreendido sem a sua estreita relação com este e com a tradição judaica que o transmitia.
  • O segundo aborda como os escritos do Novo Testamento acolhem o conteúdo do Antigo Testamento.
  •  O terceiro registra atitudes muito variadas que os escritos do Novo Testamento exprimem sobre os judeus. 
          Nas próximas "postagens" vamos trabalhar este tema em detalhe. 

          Envie suas sugestões e comentários.


N





quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A importância do Introdutor no RICA


Trata-se, pois, de um ensaio que visa elencar as ações necessárias para estabelecer as características e particularidades do perfil desejado para o exercício da importante atividade de Introdutor dentro do processo Catecumenal.
O presente trabalho visa oferecer uma contribuição pragmática para a formação e desenvolvimento de uma comunidade catequética inspirada no Ritual de Iniciação Cristã de Adultos.
Durante diversos encontros dos quais participei sempre pude verificar a necessidade de desenvolver sugestões para a melhoria do processo de Iniciação à Vida Cristã, particularmente no que se relaciona ao processo de Inspiração Catecumenal.
Como ativo participante da catequese sempre foi meu desejo dedicar uma parte de meu tempo a este tema de estudo tão importante.
Podemos abordar o tema em duas frentes específicas. Uma de cunho interno, onde se destacam os elementos do papel do Introdutor nas celebrações litúrgicas e, outro, de cunho externo onde se podem estabelecer os vínculos comunitários do introdutor e os procedimentos necessários ao bom atendimento e operacionalização do R.I.C.A.
        As perguntas que se colocam são as seguintes:
a)    A existência do Introdutor contribui para a articulação da ação catequética com as outras dimensões pastorais da Igreja (litúrgica comunitário-participativa, missionária, dialogal-ecumênica e sociotransformadora)?
b)    A presença do Introdutor estimula a atividade catequética, principalmente onde as comunidades sentem mais dificuldade na promoção da educação da fé?
c)    Existem diferenças a serem observadas na escolha do Introdutor em decorrência das condições geográficas e sociais da ação catequética?

        No que se relaciona aos questionamentos acima expostos temos as seguintes assertivas:
a)    O Introdutor contribui para a existência de uma pastoral de conjunto.
b)    O Introdutor é um importante elo que estimula a atividade catequética.
c)    O perfil do Introdutor deve estar alinhado com a ação catequética a ser desempenhada em diferentes realidades sociais e geográficas.
A catequese vem recebendo da Igreja no Brasil uma crescente valorização. Comprovam-no os documentos, cursos, encontros, celebrações, mobilizações, livros, revistas e tantas outras iniciativas. Portanto, ao efetuar um trabalho na linha de consolidar em nossas comunidades o processo de Iniciação à vida Cristã estamos nos dedicando a um dos temas mais desafiadores da nossa ação evangelizadora.
Como levar as pessoas a um contato vivo e pessoal com Jesus Cristo? Como fazê-las mergulhar nas riquezas do Evangelho? Como iniciá-las verdadeira e eficazmente na vida da comunidade cristã e fazê-las participar da vida divina, cuja expressão maior são os sacramentos da iniciação? Como realizar uma iniciação de tal modo que os fiéis perseverem na comunidade cristã? Como formar verdadeiros discípulos-missionários de Jesus?
O esforço de desenvolver este tema encontra sua justificativa na necessidade de tornar conhecidos os elos imprescindíveis à construção de uma comunidade cristã autêntica onde surge a nova e não suficientemente esclarecida figura do Introdutor, cujo papel vai muito além da preparação do catequizando para recebimento dos sacramentos e se torna elo fundamental no processo e dinâmica de introdução do catecúmeno na realidade paroquial.
              Assim, como objetivo geral, o tema busca estabelecer os limites de atuação do Introdutor no processo de operacionalização do Ritual de Iniciação Cristã de Adultos, bem como estabelecer o perfil desejado para exercer o papel de Introdutor, sopesados os diversos aspectos relacionados às realidades sociais e geográficas envolvidas.
              Finalmente, elencamos abaixo as ações que poderão contribuir para o fortalecimento do introdutor no processo do R.I.C.A:
a)    Elencar os procedimentos e rituais que contribuem para melhor atuação do Introdutor.
b)    Incentivar a participação do Introdutor em círculos bíblicos para que aprofundem sua fé.
c)    Estabelecer plano metodológico a ser observado para uma visão geral e atuação local.
d)    Apresentar pontos positivos da atuação do Introdutor que devam ser disseminados e reforçados.
e)    Demonstrar pontos negativos identificados na ação do Introdutor que devam ser evitados e eliminados.
f)     Definir critérios objetivos para escolha e eleição dos introdutores.
              Caso você tenha sugestões, gostaria de receber seus comentários.
              Obrigado.


Leituras Sugeridas:
CONGREGAÇÃO PARA O CLERO. Diretório Geral para a Catequese. 5. ed. São Paulo: Paulinas, 2009.
CNBB.  Diretório Nacional de Catequese. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 2006.
_____. Iniciação à Vida Cristã: Um processo de Inspiração Catecumenal. Brasília: Edições CNBB, 2009.
_____.  Viver em Cristo: Caminho da fé para adultos. São Paulo: Paulinas, 2006.
NÚCLEO DE CATEQUESE PAULINAS - Nucap. Testemunhas do Reino: Catecumenato Crismal. 3. ed. São Paulo: Paulinas, 2009.
RIXEN, Dom Eugenio; VILLALBA, Margareth. Catequese Familiar. Petrópolis: Vozes, 2009.
SILVA, Dom Eduardo Pinheiro. Projeto Pessoal de Vida. Brasília: Cisbrasil, 2009.
ZORZI, Pe. Lúcio. Catecumenato Crismal. 14. ed. São Paulo: Paulinas, 2007.


"Caritas in Veritate"

Resenha da Carta Encíclica "Caritas in Veritate" do Sumo Pontífice Bento XVI

O Cardeal Joseph Ratzinger, Papa Bento XVI, nasceu na Alemanha no dia 16.04.1927.  Foi ordenado sacerdote em 29.06.1951. No ano de 1953, doutorou-se em teologia com a tese «Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho».  Foi professor de teologia dogmática e fundamental na Escola Superior de Filosofia e Teologia. Em 1969 passou a ser catedrático de dogmática e história do dogma.De 1962 a 1965, prestou contributo ao Concílio Vaticano II como «perito». A sua intensa atividade científica levou-o a desempenhar importantes cargos ao serviço da Igreja Em 28.05.1977 recebeu a sagração episcopal tendo assumido, como lema, ser colaborador com a verdade. Neste mesmo ano recebeu o título de Cardeal. Foi Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e, em 1992, concluiu  o novo Catecismo da Igreja Católica. É membro honorário da Academia Pontifícia das Ciências. Entre as suas numerosas publicações, ocupam lugar de destaque o livro «Introdução ao Cristianismo», uma compilação de lições universitárias publicadas em 1968 sobre a profissão de fé apostólica, e o livro «Dogma e Revelação» (1973), uma antologia de ensaios, homilias e meditações, dedicadas à pastoral. Em 1985 publicou o livro-entrevista «Informe sobre a Fé» e, em 1996, «O sal da terra». E, por ocasião do seu septuagésimo aniversário, publicou o livro «Na escola da verdade», onde aparecem ilustrados vários aspectos da sua personalidade e da sua obra por diversos autores. Recebeu numerosos doutoramentos «honoris causa».

O Sumo Pontífice tendo como base as Sagradas Escrituras, a Tradição e o Magistério da Igreja apresenta, através de um documento elaborado com seis capítulos contendo setenta e nove parágrafos, a importância e o significado profundo da revelação de Deus na vida dos homens.  O documento trabalha temas atuais ligados à Fraternidade, desenvolvimento econômico e sociedade civil, desenvolvimento dos povos, direitos e deveres, meio-ambiente, família humana, ciências, avanços tecnológicos e comunicação. Atualiza os assuntos relacionados à doutrina social da Igreja destacando que a caridade é a sua via mestra, mas que só alcançaria seu objetivo maior quando for norteada pela verdade, já que só na verdade é que a caridade refulge e pode ser autenticamente vivida e a verdade é luz que dá sentido e valor à caridade. O autor lembra que um cristianismo de caridade sem verdade pode facilmente ser confundido com uma reserva de bons sentimentos, úteis para a convivência social, porém marginais. Ressalta, ainda, que não se pode perder de vista que existe um bem que é individual, contudo, muito mais importante é o bem comum, que está ligado à vida social das pessoas.
Em cada tema abordado o autor procura elencar as contradições de um mundo materialista onde reina o egoísmo e o relativismo, que servem de verdadeiras armadilhas nocivas ao ser humano, enquanto imagem e semelhança de Deus. Concomitantemente a tais problemas o autor apresenta os antídotos necessários para que cada homem de boa vontade possa superar os obstáculos verificados, à luz dos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo e sob Seu olhar amoroso. Agindo desta forma o ser humano irá contribuir decisivamente  para a promoção de um desenvolvimento integral envolvendo todos os homens e o homem todo. 
Bento XVI concluiu que sem Deus, o homem não sabe para onde ir e não consegue sequer compreender quem seja. Perante os enormes problemas do desenvolvimento dos povos que quase nos levam ao desânimo e à rendição, vem em nosso auxílio a palavra do Senhor Jesus Cristo que nos torna cientes deste dado fundamental: “Sem Mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5), e encoraja: “Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo” (Mt 28,20).

            O teor da carta encíclica em destaque é ao mesmo tempo amplo e profundo. A amplitude está presente na abordagem de praticamente todos os temas que afligem cotidianamente o coração do discípulo missionário de Jesus atordoado por um mundo eivado de contradições e de conotações anti-cristãs. Por outro lado, é de animar e confortar as almas a análise profunda e tempestiva de cada um dos temas oferecendo soluções que nos salvam na esperança. 

O Papa Bento XVI, antes de se tornar Papa, havia escolhido como lema de seu trabalho episcopal ser “Colaborador da verdade”. Agora, como Papa, brinda-nos com uma bela Carta Encíclica, que deveria ser um dos livros de cabeceira de cada homem de boa vontade,  principalmente ser for um católico. Nesta pérola literária, o Sumo Pontífice descreve com ímpar precisão a relação praticamente indissociável existente entre a caridade e a verdade. Trata-se de um livro denso de ensinamentos que nos convida a experimentar uma vida calcada no testemunho de Jesus Cristo durante Sua vida terrena e, sobretudo, com Sua morte e ressurreição. O leitor poderá descobrir na leitura dos seis capítulos que compõem a obra a principal força propulsora para o verdadeiro desenvolvimento de sua pessoa e da humanidade como um todo. 


BENTO XVI, Papa. Carta Encíclica Caritas in Veritate. SP: Paulinas, 2009, 142 p

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

O Criador


O Criador (Catecismo da Igreja Católica)

·O Criador: Na criação do mundo e do homem, Deus deu o primeiro e universal testemunho do seu amor onipotente e da sua sabedoria e fez o primeiro anúncio do seu «desígnio amoroso», o qual tem como finalidade a nova criação em Cristo.
·A Criação: Embora a obra da criação seja particularmente atribuída ao Pai, é igualmente verdade de fé que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são o único e indivisível princípio da criação.  Só Deus criou o Universo, livremente, diretamente, sem qualquer ajuda.
·A Criatura: Nenhuma criatura possui o poder infinito necessário para “criar”, no sentido próprio da palavra: quer dizer; para produzir e dar o ser ao que de modo algum o possuía.
·A Glória de Deus: Deus criou o mundo para manifestar e comunicar a sua glória. Que as criaturas partilhem da sua verdade, da sua bondade e da sua beleza – eis a glória, para a qual Deus as criou.
·O Verbo: Deus, que criou o universo, mantém-no na existência pelo seu Verbo; «o Filho tudo sustenta com a sua palavra poderosa» (Hb 1, 3) e pelo seu Espírito criador que dá a vida.
·A Divina Providência: A divina Providência consiste nas disposições pelas quais Deus conduz com sabedoria e amor todas as criaturas, para o seu último fim. Cristo convida-nos a abandonarmo-nos filialmente à Providência do Pai dos céus.
·As Causas Segundas: Deus é o Senhor soberano de seus desígnios. Mas, para a realização dos mesmos, serve-se também do concurso das criaturas. A Providência divina também age pela ação das criaturas. Aos seres humanos, Deus permite-lhes cooperar livremente com os seus desígnios.
·O Mal: A permissão divina do mal físico e do mal moral é um mistério, que Deus esclarece por seu Filho Jesus Cristo, morto e ressuscitado para vencer o mal. A fé dá-nos a certeza de que Deus não permitiria o mal, se do próprio mal não fizesse sair o bem, por caminhos que só na vida eterna conheceremos plenamente.

O CÉU E A TERRA
·Os Anjos: São criaturas espirituais que glorificam a Deus sem cessar. Por todo o seu ser, são servidores e mensageiros de Deus.  Prestam a sua cooperação a tudo quanto diz respeito ao nosso bem.  Assistem a Cristo, seu Senhor. Servem-No de modo particular no cumprimento da sua missão salvífica em relação aos homens. A Igreja os venera e elese a ajudam na sua peregrinação terrestre e protegem todo o gênero humano.
·O Mundo Visível: Deus quis a diversidade das suas criaturas e a sua bondade própria, a sua interdependência e a sua ordem. Destinou todas as criaturas materiais para o bem do gênero humano. O homem, e através dele toda a criação, tem como destino a glória de Deus. Respeitar as leis inscritas na criação e as relações derivantes da natureza das coisas é princípio de sabedoria e fundamento da moral.
O HOMEM
·”À Imagem de Deus”: “Pai Santo, criastes o homem e a mulher à vossa imagem e lhes confiastes todo o universo, para que servindo a Vós, seu Criador, dominassem toda a criatura.”  O homem é predestinado a reproduzir a imagem do Filho de Deus feito homem –“imagem do Deus invisível” (Cl 1, 15) –, a fim de que Cristo seja o primogênito de uma multidão de irmãos e de irmãs.
·Corpore et anima unus”:  O homem é uno de corpo e alma. A doutrina da fé afirma que a alma espiritual e imortal é criada diretamente por Deus.
·Uma unidade a dois: Deus não criou o homem solitário: desde o início "criou-os homem e mulher" (Gn 1, 27). Esta união constituiu a primeira forma de comunhão de pessoas.
·Paraíso: A Revelação dá-nos a conhecer o estado de santidade e de justiça originais do homem e da mulher, antes do pecado: da amizade de ambos com Deus derivava a felicidade da sua existência no Paraíso.
A QUEDA
·O Pecado: “Não foi Deus quem fez a morte, nem Ele se alegra por os vivos se perderem [...]. A morte entrou no mundo pela inveja do Diabo” (Sb 1, 13; 2, 24).
·A queda dos Anjos: Satanás ou Diabo e os outros demônios são anjos decaídos por terem livremente recusado servir a Deus e ao seu desígnio. A sua opção contra Deus é definitiva. E eles tentam associar o homem à sua revolta contra Deus.
·O Pecado Original: Pelo seu pecado, Adão, como primeiro homem, perdeu a santidade e a justiça originais que tinha recebido de Deus, não somente para si, mas para todos os seres humanos. À sua descendência, Adão e Eva transmitiram a natureza humana ferida pelo seu primeiro pecado, portanto privada da santidade e da justiça originais. Esta privação é chamada “pecado original”.  Como conseqüência do pecado original, a natureza humana ficou enfraquecida nas suas forças e sujeita à ignorância, ao sofrimento e ao domínio da morte, e inclinada para o pecado – inclinação que se chama “concupiscência”.  O pecado original é transmitido com a natureza humana, "não por imitação, mas por propagação", e que, assim, é "próprio de cada um".
·A Vitória sobre a Morte A vitória alcançada por Cristo sobre o pecado trouxe-nos bens superiores àqueles que o pecado nos tinha tirado: «Onde abundou o pecado, superabundou a graça» (Rm 5, 20).  

REFERÊNCIAS
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA – São Paulo. Edições Loyola, 2000.
HASTENTEUFEL, Dom Zeno. O Catecismo ao Alcance de Todos: uma síntese do catecismo da Igreja Católica. Brasília, Edições CNBB, 2013.