quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Temer o fogo Eterno da Condenação


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São Policarpo de Esmirna
Aproveitamos o início da Quaresma para meditarmos sobre este grande santo da nossa Igreja, tratamos de alguns aspectos relacionados à vida de São Policarpo (†156) que foi bispo de Esmirna.
Policarpo, extremamente jovem, foi convertido pelo apóstolo João no ano 80 e “instituído pelas testemunhas oculares da vida do Verbo” (SGARBOSSA, 2005). Sua investidura no cargo de bispo de Esmirna foi realizada pelo próprio apóstolo São João.
Em depoimento de Santo Irineu, que foi seu discípulo, Policarpo foi discípulo de São João Evangelista. Além disso, recebeu instruções diretas de Santo Inácio de Antioquia acerca de seus deveres de pastor, tendo sido exortado a “ser atleta, firme como bigorna sob os golpes do martelo” (ALTANER, 2004).
Com relação à sua doutrina, há referência a diversas cartas a comunidades e a bispos em particular, conforme atestado em depoimento de Santo Irineu, das quais resta uma carta escrita aos cristãos de Filipéia, na Macedônia, em resposta ao pedido de alguns bons conselhos, formulado a quem conhecera de muito próximo o apóstolo predileto de Jesus, assim como alguns escritos de Inácio de Antioquia, ou de “outros que tinham visto o Senhor” (SGARBOSSA, 2005).
No ano 155 estava em Roma com o Papa Aniceto tratando de vários assuntos da Igreja, inclusive a data da Páscoa. Mas, não se conseguiu um entendimento entre ambos. Combateu os hereges gnósticos e quando Marcião, o heresiarca, destituído por seu bispo, perguntou a Policarpo se o conhecia, este respondeu: “Sim, eu te conheço: És o primogênito de Satanás” (ALTANER, 2004).
O procônsul romano Estácio Quadratus conseguiu descobrir Policarpo escondido em um celeiro. O Bispo não bramia como seu amigo Inácio para ser enviado como pasto às feras. Era já idoso, completara 86 anos e estava ciente de não poder depositar muita confiança em suas próprias forças.
Mas, uma vez capturado, deu prova de serena coragem, e o procônsul, que o exortava a renegar a Cristo, dele ouviu esta resposta tranquila: “Já sirvo há 86 anos e não me fez nenhum mal; como poderei blasfemar agora contra o rei que me redimiu?”. E diante da ameaça de ser queimado vivo, retrucava: “O fogo que me ameaça queima um momento, depois passa; eu temo, isto sim, o fogo eterno da condenação”.
A profissão de fé do idoso bispo custou-lhe a condenação à pira. Tornou-se assim “um pão que se cozinha”, eucaristia viva, enquanto seus lábios pronunciavam a última e maravilhosa oração: “Sê, pois, bendito para sempre, ó Senhor...”
O martírio de São Policarpo é a mais antiga narrativa da paixão e morte de mártir que se tenha conservado.
Na Igreja latina, São Policarpo é honrado a 26 de janeiro. Seus companheiros recolheram seus ossos, mais valiosos que pedras preciosíssimas, mais apreciados que ouro, e os sepultaram num lugar apropriado.

Referências

ALTANER, B; STWIBER, A. Patrologia. 3 ed. São Paulo: Paulus, 2004.
LIÉBAERT, JACQUES. Os Padres da Igreja: Séculos I-IV. 3ed. São Paulo: Loyola, 2000.
PADOVESE, LUIGI. A Introdução à Teologia Patrística. 2 ed. São Paulo: Loyola, 2004.
SGARBOSSA, MARIO. Os Santos e os Beatos: da Igreja do Ocidente e do Oriente. 2 ed. São Paulo: Paulinas, 2005