A
liturgia romana clássica
O culto cristão, embora não deixe nunca de ser um culto
espiritual, não escapou à influência das situações concretas do ambiente
histórico, social e cultural no qual se inseria.
O Discurso a Diogneto do século II afirma:
· Os cristãos não se distinguem dos demais
seres humanos nem por sua terra, nem por sua fala, nem, por seus costumes.
Porque nem habitam cidades exclusivas suas, nem falam língua estranha, nem
levam um tipo de vida à parte dos demais... ...embora dêem mostras de um teor
de comportamento peculiar admirável ... Para dizê-lo brevemente, o que é a alma
no corpo, isto são os cristãos no mundo.
É o
culto espiritual que celebram o que faz a diferença: com efeito, é um culto
invisível, mas muito eficaz na ação e nos gestos, desde o momento em que não é
somente uma composição de mistérios humanos, mas que o mistério deste culto não
é compreensível para os seres humanos.
Tudo
isso permanecerá intacto até que aconteçam as perseguições contra os cristãos.
Com
o edito de Milão de 313, por obra do Imperador Constantino, quando o cristianismo entra
em contato com certos elementos culturais, típicos do paganismo, acontece a corrupção
dos costumes. Nessa realidade contingente a Igreja manifestou a vontade de não
cair vítima de uma cômoda facilidade tanto em acolher como em manter os
convertidos num verdadeiro compromisso cristão, tanto no plano geral da vida
como no plano particular do culto. Lamentavelmente as formas do culto sofreram
a influência do tempo e do lugar.
Na
época da liturgia romana clássica os romanos demonstraram possuir aptidão
especial conforme as seguintes características:
A.
Capacidade de expressar-se em formas racionalmente
organizadas.
B.
Repugnância contra o sentimento e o
sentimentalismo.
C.
Sensibilidade por um estilo sóbrio e uma
apresentação digna.
Nos
séculos IV-VI criou-se um tesouro de fórmulas que, em sua correspondência com
os valores objetivos, na clareza de pensamento, no ritmo solene, na adesão às
vontades dogmáticas fundamentais, deve ser considerado como uma das grandes e
clássicas criações da história humana. Entre elas, deve-se recordar as orações
da vigília pascal que formam um conjunto eucológico unitário e indivisível.
Alceste
Catella, sempre em relação à liturgia romana clássica, diz que as dimensões que
constituem toda celebração parecem reduzir-se a três:
A.
Histórica
B.
Comunitária
C.
Mistérica
A
passagem em Roma, nos fins do século III, da língua grega para a latina na
liturgia, foi uma autêntica “adaptação” e, frequentemente, uma verdadeira
criação, levando em conta as exigências próprias da mentalidade latina e
romana. Existe a preocupação de conservar uma tradição, que se sente ameaçada
por possíveis erros, fruto de ignorância e superstição, que poderiam dar um
pano de fundo “mágico”, típico da religião pagã.
No
Cânon romano aparece, em seu conteúdo, um novo elemento, caracterizado por
mentalidade jurídico-formal. Cai em desuso a primitiva improvisação, para
chegar a um ponto fixo que reflete a mesma mentalidade jurídica. Valoriza-se
mais a palavra escrita do que a tradição. Essa grande mudança permitirá também
a passagem da domus eclesiae para a
basílica: ela se transformará num ambiente suntuoso, rico, que muito
dificilmente conseguirá dar testemunho do plano espiritual do culto cristão – assembleia da palavra e assembleia de convívio.
Até Breve! Envie suas sugestões.
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