A Questão dos Evangelhos Sinóticos
Parte I
O mais antigo registro conhecido
feito por um dos primeiros cristãos é uma carta, de poucas linhas, escrita por
Paulo: a primeira epístola aos tessalônios.
O manuscrito foi encontrado cerca
de vinte anos depois da morte de Cristo. Nos cinquenta anos seguintes foram
elaborados vários evangelhos, grandes e pequenos, contendo detalhes
infinitamente mais numerosos do que Paulo conseguiu transmitir.
A Igreja reconhece quatro narrações
do Evangelho[1] ou
quatro Evangelhos canônicos: os de Mateus, Marcos, Lucas e João. Destes, os
três primeiros são chamados “sinóticos” porque podem ser lidos em sinopse ou em
três colunas paralelas. No presente trabalho iremos tratar das questões e
particularidades que envolvem os Evangelhos ditos sinóticos.
Cabe salientar que após três séculos
da Morte de Jesus Cristo, ainda não se sabia quais evangelhos, memórias,
epístolas e histórias podiam ser considerados os mais verdadeiros. Embora os evangelhos
se destacassem, outros trabalhos foram acrescentados, um a um, e as fontes de
controvérsias eliminadas. Roma e Constantinopla eram então os principais
centros da igreja cristã.
Por volta do ano 400, afinal, chegou-se a um acordo
quanto ao que seria o Novo Testamento. Mais ou menos na mesma época, São
Jerônimo traduzia para o latim os livros do Antigo e do Novo Testamento, mas a
Bíblia resultante – a Vulgata – só foi reunida em um único volume no século
sexto.
Outra particularidade é que os
Evangelhos são simbolizados pelos animais descritos em Ez 1,10 e Ap 4,6-8: o
leão (Marcos), o vitelo (Lucas), o homem (Mateus) e águia (João). A tradição
cristã adaptou esses símbolos aos autores sagrados levando em conta o início de
cada Evangelho, a saber:
·
Mateus:
começa apresentando a genealogia de Jesus é simbolizado pelo homem;
·
Marcos:
tem início com João Batista no deserto que é tido como local da morada do leão;
e
·
Lucas:
abre com Zacarias a sacrificar no templo e é por isso que é simbolizado pelo
vitelo, vítima do sacrifício.
Ao propagar-se, a mensagem foi
tomando formas literárias diversas, com a da catequese sistemática, a da oração
litúrgica a da apologética (destinada a provar a Divindade e a Messianidade de
Jesus), a da controvérsia (destinada a desfazer dúvida dos ouvintes), dentre
outras maneiras. À medida que iam pregando o Evangelho, os Apóstolos
experimentavam a necessidade de consignar por escrito ao menos algumas partes
do mesmo, a fim de facilitar a aprendizagem dos discípulos.
Como a arte de escrever fosse rara,
difícil na antiguidade, a escrita era esporádica: escreviam-se séries de
parábolas, de milagres de profecias, de ensinamentos, as narrativas da Paixão e
Ressurreição com fins estritamente didáticos, ou seja, para promover a
transmissão das verdades da fé.
Aos poucos, as comunidades cristãs
perceberam a vantagem de compilar num só todo sistemático esses fragmentos da
pregação evangélica. Como mencionado acima, das diversas compilações assim
feitas, a Igreja reconheceu quatro como canônicas, ou seja, como autêntica
Palavra de Deus.
Até Breve com a segunda Parte.
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