quarta-feira, 12 de março de 2014

Os Sinóticos

A Questão dos Evangelhos Sinóticos
Parte I

O mais antigo registro conhecido feito por um dos primeiros cristãos é uma carta, de poucas linhas, escrita por Paulo: a primeira epístola aos tessalônios. 

O manuscrito foi encontrado cerca de vinte anos depois da morte de Cristo. Nos cinquenta anos seguintes foram elaborados vários evangelhos, grandes e pequenos, contendo detalhes infinitamente mais numerosos do que Paulo conseguiu transmitir.

A Igreja reconhece quatro narrações do Evangelho[1] ou quatro Evangelhos canônicos: os de Mateus, Marcos, Lucas e João. Destes, os três primeiros são chamados “sinóticos” porque podem ser lidos em sinopse ou em três colunas paralelas. No presente trabalho iremos tratar das questões e particularidades que envolvem os Evangelhos ditos sinóticos.

Cabe salientar que após três séculos da Morte de Jesus Cristo, ainda não se sabia quais evangelhos, memórias, epístolas e histórias podiam ser considerados os mais verdadeiros. Embora os evangelhos se destacassem, outros trabalhos foram acrescentados, um a um, e as fontes de controvérsias eliminadas. Roma e Constantinopla eram então os principais centros da igreja cristã. 

Por volta do ano 400, afinal, chegou-se a um acordo quanto ao que seria o Novo Testamento. Mais ou menos na mesma época, São Jerônimo traduzia para o latim os livros do Antigo e do Novo Testamento, mas a Bíblia resultante – a Vulgata – só foi reunida em um único volume no século sexto.

Outra particularidade é que os Evangelhos são simbolizados pelos animais descritos em Ez 1,10 e Ap 4,6-8: o leão (Marcos), o vitelo (Lucas), o homem (Mateus) e águia (João). A tradição cristã adaptou esses símbolos aos autores sagrados levando em conta o início de cada Evangelho, a saber:

·         Mateus: começa apresentando a genealogia de Jesus é simbolizado pelo homem;
·         Marcos: tem início com João Batista no deserto que é tido como local da morada do leão; e
·         Lucas: abre com Zacarias a sacrificar no templo e é por isso que é simbolizado pelo vitelo, vítima do sacrifício.

Ao propagar-se, a mensagem foi tomando formas literárias diversas, com a da catequese sistemática, a da oração litúrgica a da apologética (destinada a provar a Divindade e a Messianidade de Jesus), a da controvérsia (destinada a desfazer dúvida dos ouvintes), dentre outras maneiras. À medida que iam pregando o Evangelho, os Apóstolos experimentavam a necessidade de consignar por escrito ao menos algumas partes do mesmo, a fim de facilitar a aprendizagem dos discípulos.

Como a arte de escrever fosse rara, difícil na antiguidade, a escrita era esporádica: escreviam-se séries de parábolas, de milagres de profecias, de ensinamentos, as narrativas da Paixão e Ressurreição com fins estritamente didáticos, ou seja, para promover a transmissão das verdades da fé.

Aos poucos, as comunidades cristãs perceberam a vantagem de compilar num só todo sistemático esses fragmentos da pregação evangélica. Como mencionado acima, das diversas compilações assim feitas, a Igreja reconheceu quatro como canônicas, ou seja, como autêntica Palavra de Deus.

Até Breve com a segunda Parte.

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