terça-feira, 11 de novembro de 2014

O "Filho do Homem"

O Significado de "Filho do Homem" nas Sagradas Escrituras


     No Antigo Testamento encontramos a expressão “filho do homem”, especialmente no livro de Ezequiel e o profeta é chamado assim por Deus, dando a entender que se dirige a uma pessoa humana e ressaltando, ao mesmo tempo, sua pequenez. 

      No entanto em Dn 7,13-14 essa expressão assume significado muito especial, já que se refere a um personagem celeste, representante  escatológico de Deus e dos “santos do Altíssimo”, que abre as portas para que o título possa ter uma conotação messiânica. Ao mesmo tempo, indica a concessão de um reino universal e eterno. Seria o representante do reino escatológico: o verdadeiro Israel.

São muitos os textos que apresentam ao longo dos evangelhos o termo “Filho do Homem” e, normalmente, é pronunciado apenas pelos lábios de Jesus que, todavia, fala do “Filho do Homem” em terceira pessoa. Portanto, não se identifica com ele formalmente.

Os Evangelhos sinóticos mostram que Jesus Cristo, falando de si mesmo, utilizou a expressão para designar alguns aspectos importantes de sua vida. Os textos em que aparece a expressão “Filho do Homem” costumam ser divididos em três grupos conforme tratem: 1) do mistério da vida terrena de Jesus Cristo e de seu poder;  2) da paixão, morte e ressurreição; e 3) da glória escatológica e do retorno da parusia.

No contexto da vida terrena vê-se que Jesus, ao chamar a si mesmo de “Filho do Homem”, quer manifestar sua experiência de homem, mas quer dizer, ao mesmo tempo, que foi enviado por Deus, que está cheio do Espírito Santo, que é o sinal escatológico de Deus e que, todavia, é rejeitado pelos homens.

Em relação à morte e ressurreição, temos que os textos sinóticos que se referem a esse aspecto são todos posteriores à confissão messiânica de Pedro, quando Jesus começou a explicar a modalidade de seu messianismo. Já os textos que se relacionam com a glória futura do Filho do homem e com seu retorno parecem relacionarem-se às tradições mais antigas a respeito dessa expressão e há uma semelhança com o título em Daniel.

Podemos notar, no entanto, uma diferença notável em relação ao texto de Daniel, uma vez que neste se fala no modo futuro, isto é, que o filho do homem obterá a glória e exercitará seu poder no tempo escatológico, enquanto nos Evangelhos a glória aparece como já realizada no presente, e mostram o Filho do Homem exercendo desde agora seu poder.

Esse enigma do título “Filho do Homem” serviu a Jesus Cristo para expressar a tensão que impregna toda a sua mensagem: a plenitude escatológica do tempo se realiza em e por um pregador ambulante, pobre e ridicularizado, perseguido e, finalmente, assassinado.  Mas a originalidade por parte de Jesus Cristo é ter ligado a figura gloriosa e majestosa do Filho do homem à condição humilde e sofredora do Servo de Iahweh.

O Filho do Homem é como uma circunlocução para exprimir o significado escatológico e definitivo das palavras e da conduta de Jesus, bem como da decisão de fé. É, ao mesmo tempo, símbolo da certeza de que Jesus tem de ser a plenitude. Exprime uma igualdade funcional e não pessoal de Jesus com o “Filho do Homem” que há de vir.

A palavra rica e misteriosa sobre o Filho do Homem apresenta Jesus como representante escatológico de Deus e de seu Reino, assim como o representante do homem. Nele e por ele, em sua pessoa e em seu destino se decide o desígnio de Deus sobre os homens. Traz e é a graça e o juízo de Deus. A partir do “Filho do Homem” podemos compreender os desenvolvimentos essenciais da cristologia pós-pascal e provar que são legítimas: a cristologia do sofrimento e da exaltação, bem como a expectativa de sua volta e a importância pessoal e universal de Jesus.

Cristologicamente assume a característica de um enigma misterioso através do qual Jesus expressa e vela sua pretensão messiânica. Assim, o título “Filho do Homem” ajuda a esclarecer as características de sua missão ao unir simultaneamente o aspecto glorioso e transcendente à sua realidade humilde e terrena, ao mesmo tempo em que abre o campo para a revelação de sua própria realidade pessoal.

Até a próxima!
            

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