quarta-feira, 12 de novembro de 2014

"O Filho de Deus"

O Significado do Título "O Filho de Deus" nas Sagradas Escrituras


        A fé cristã confessa que Jesus é o “Filho de Deus”. Este é o núcleo central da profissão de fé. É a designação que se mostra mais adequada e frutífera.

Na antiguidade, o título está presente em muitos relatos mitológicos das religiões orientais, nas quais se fala com frequência de filhos de deuses nascidos de uma mulher humana. O termo não encontra sentido no pensamento judaico veterotestamentário e helenístico. Na linha do estoicismo todos os homens eram filhos de Deus por participação no único logos.

O Antigo Testamento apresenta esse título em diversas ocasiões, mas num sentido diferente, já que geralmente o vincula a uma missão especial que devem cumprir os anjos, o povo ou o próprio rei. Desse modo, o Primeiro Testamento não fala de uma descendência divina, mas, antes, de uma particular escolha de Deus, de uma missão que supõe obediência e serviço. Trata-se, portanto, de uma filiação adotiva que se baseia na misericórdia e no perdão.

No Novo Testamento, o próprio Jesus jamais se chamou a si mesmo de “Filho de Deus”. Apenas na declaração exigida pelo sumo sacerdote é que Jesus aceita o título a si próprio. Mas acrescenta uma predição de sua segunda vinda a fim de eliminar toda dúvida sobre o significado do termo.

Essa fórmula representa, certamente, uma clara profissão de fé da Igreja primitiva. Isso, contudo, não tira a autenticidade da filiação divina de Jesus, uma vez que a fé apostólica se baseia na referencia explícita feita por ele, ao se chamar de “Filho” e ao invocar a Deus como “Pai”.

O título significa uma filiação única e sobrenatural. Trata-se mais de um título soteriológico do que metafísico. A relação única de Jesus Cristo, Filho de Deus, com o Pai o torna capaz de ser mediador entre o Pai e a humanidade e dá aos seus atos salvíficos e à sua intercessão uma eficácia única.

            Com a expressão “Filho de Deus” quis Jesus nos mostrar a consciência que tinha de sua realidade filial. Com seu modo de se expressar em relação a Deus, sentindo-se Filho de modo único e exclusivo, e invocando a Deus como seu Pai, com quem tem uma relação de familiaridade, de obediência e de respeito, nos revela a verdade ontológica de sua própria pessoa.

Se ele não fosse o “Filho”, seria impensável que os homens recebessem a adoção que ele confere e que significa uma união com Deus muito mais intima do que a adoção de Israel no Antigo Testamento. Se ele não fosse o “Filho”, o Pai não poderia ter para com ele o amor que torna aceitável o sacrifício em si.


A cristologia posterior do “Filho” não é outra coisa que a explicação e a tradução do que se encontra oculto na obediência e na entrega filial de Jesus Cristo. Para Jesus Cristo ser “Filho” não é apenas uma “relação” privada, mas, ao mesmo tempo, uma missão publica. Ser e missão como “Filho” são indissociáveis. O ser de Jesus Cristo como “Filho” é inseparável de sua missão e de seu serviço. Ele é a existência de Deus para os outros. A cristologia essencial e cristologia funcional não podem ser contrapostas, nem podem ser separadas uma da outra, pois se condicionam reciprocamente. Sua função, sua existência para Deus e para os outros constitui, ao mesmo tempo, sua essência, e vice-versa, a cristologia funcional implica uma essencial.

Até Breve!

Nenhum comentário:

Postar um comentário