O Significado do Título "O Filho de Deus" nas Sagradas Escrituras
A fé cristã confessa que Jesus é o “Filho
de Deus”. Este é o núcleo central da profissão de fé. É a designação que se
mostra mais adequada e frutífera.
Na
antiguidade, o título está presente em muitos relatos mitológicos das religiões
orientais, nas quais se fala com frequência de filhos de deuses nascidos de uma
mulher humana. O termo não encontra sentido no pensamento judaico
veterotestamentário e helenístico. Na linha do estoicismo todos os homens eram
filhos de Deus por participação no único logos.
O
Antigo Testamento apresenta esse título em diversas ocasiões, mas num
sentido diferente, já que geralmente o vincula a uma missão especial que devem
cumprir os anjos, o povo ou o próprio rei. Desse modo, o Primeiro Testamento não fala de uma
descendência divina, mas, antes, de uma particular escolha de Deus, de uma
missão que supõe obediência e serviço. Trata-se, portanto, de uma filiação
adotiva que se baseia na misericórdia e no perdão.
No
Novo Testamento, o próprio Jesus jamais se chamou a si mesmo de “Filho de
Deus”. Apenas na declaração exigida pelo sumo sacerdote é que Jesus aceita o
título a si próprio. Mas acrescenta uma predição de sua segunda vinda a fim de
eliminar toda dúvida sobre o significado do termo.
Essa
fórmula representa, certamente, uma clara profissão de fé da Igreja primitiva.
Isso, contudo, não tira a autenticidade da filiação divina de Jesus, uma vez
que a fé apostólica se baseia na referencia explícita feita por ele, ao se
chamar de “Filho” e ao invocar a Deus como “Pai”.
O
título significa uma filiação única e sobrenatural. Trata-se mais de um título
soteriológico do que metafísico. A relação única de Jesus Cristo, Filho de
Deus, com o Pai o torna capaz de ser mediador entre o Pai e a humanidade e dá
aos seus atos salvíficos e à sua intercessão uma eficácia única.
Com
a expressão “Filho de Deus” quis Jesus nos mostrar a consciência que tinha de
sua realidade filial. Com seu modo de se expressar em relação a Deus,
sentindo-se Filho de modo único e exclusivo, e invocando a Deus como seu Pai,
com quem tem uma relação de familiaridade, de obediência e de respeito, nos
revela a verdade ontológica de sua própria pessoa.
Se
ele não fosse o “Filho”, seria impensável que os homens recebessem a adoção que
ele confere e que significa uma união com Deus muito mais intima do que a
adoção de Israel no Antigo Testamento. Se ele não fosse o “Filho”, o Pai não
poderia ter para com ele o amor que torna aceitável o sacrifício em si.
A
cristologia posterior do “Filho” não é outra coisa que a explicação e a
tradução do que se encontra oculto na obediência e na entrega filial de Jesus Cristo.
Para Jesus Cristo ser “Filho” não é apenas uma “relação” privada, mas, ao mesmo
tempo, uma missão publica. Ser e missão como “Filho” são indissociáveis. O ser
de Jesus Cristo como “Filho” é inseparável de sua missão e de seu serviço. Ele
é a existência de Deus para os outros. A cristologia essencial e cristologia
funcional não podem ser contrapostas, nem podem ser separadas uma da outra,
pois se condicionam reciprocamente. Sua função, sua existência para Deus e para
os outros constitui, ao mesmo tempo, sua essência, e vice-versa, a cristologia
funcional implica uma essencial.
Até Breve!
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