Resenha
da Carta Encíclica "Caritas in Veritate" do Sumo Pontífice Bento XVI
O Cardeal
Joseph Ratzinger, Papa Bento XVI, nasceu na Alemanha no dia 16.04.1927. Foi ordenado sacerdote em 29.06.1951. No ano
de 1953, doutorou-se em teologia com a tese «Povo e Casa de Deus na doutrina da
Igreja de Santo Agostinho». Foi professor
de teologia dogmática e fundamental na Escola Superior de Filosofia e Teologia.
Em 1969 passou a ser catedrático de dogmática e história do dogma.De 1962 a
1965, prestou contributo ao Concílio Vaticano II como «perito». A sua intensa
atividade científica levou-o a desempenhar importantes cargos ao serviço da Igreja
Em 28.05.1977 recebeu a sagração episcopal tendo assumido, como lema, ser
colaborador com a verdade. Neste mesmo ano recebeu o título de Cardeal. Foi Prefeito
da Congregação para a Doutrina da Fé e, em 1992, concluiu o novo Catecismo da Igreja Católica. É membro
honorário da Academia Pontifícia das Ciências. Entre as suas numerosas
publicações, ocupam lugar de destaque o livro «Introdução ao Cristianismo», uma
compilação de lições universitárias publicadas em 1968 sobre a profissão de fé
apostólica, e o livro «Dogma e Revelação» (1973), uma antologia de ensaios,
homilias e meditações, dedicadas à pastoral. Em 1985 publicou o
livro-entrevista «Informe sobre a Fé» e, em 1996, «O sal da terra». E, por
ocasião do seu septuagésimo aniversário, publicou o livro «Na escola da
verdade», onde aparecem ilustrados vários aspectos da sua personalidade e da
sua obra por diversos autores. Recebeu numerosos doutoramentos «honoris causa».
O Sumo Pontífice tendo como
base as Sagradas Escrituras, a Tradição e o Magistério da Igreja apresenta,
através de um documento elaborado com seis capítulos contendo setenta e nove
parágrafos, a importância e o significado profundo da revelação de Deus na vida
dos homens. O documento trabalha temas
atuais ligados à Fraternidade, desenvolvimento econômico e sociedade civil,
desenvolvimento dos povos, direitos e deveres, meio-ambiente, família humana,
ciências, avanços tecnológicos e comunicação. Atualiza os assuntos relacionados
à doutrina social da Igreja destacando que a caridade é a sua via mestra, mas
que só alcançaria seu objetivo maior quando for norteada pela verdade, já que
só na verdade é que a caridade refulge e pode ser autenticamente vivida e a
verdade é luz que dá sentido e valor à caridade. O autor lembra que um
cristianismo de caridade sem verdade pode facilmente ser confundido com uma reserva
de bons sentimentos, úteis para a convivência social, porém marginais.
Ressalta, ainda, que não se pode perder de vista que existe um bem que é
individual, contudo, muito mais importante é o bem comum, que está ligado à
vida social das pessoas.
Em cada tema abordado o
autor procura elencar as contradições de um mundo materialista onde reina o
egoísmo e o relativismo, que servem de verdadeiras armadilhas nocivas ao ser
humano, enquanto imagem e semelhança de Deus. Concomitantemente a tais
problemas o autor apresenta os antídotos necessários para que cada homem de boa
vontade possa superar os obstáculos verificados, à luz dos ensinamentos de Nosso
Senhor Jesus Cristo e sob Seu olhar amoroso. Agindo desta forma o ser humano
irá contribuir decisivamente para a
promoção de um desenvolvimento integral envolvendo todos os homens e o homem
todo.
Bento XVI concluiu que sem
Deus, o homem não sabe para onde ir e não consegue sequer compreender quem
seja. Perante os enormes problemas do desenvolvimento dos povos que quase nos
levam ao desânimo e à rendição, vem em nosso auxílio a palavra do Senhor Jesus
Cristo que nos torna cientes deste dado fundamental: “Sem Mim, nada podeis
fazer” (Jo 15,5), e encoraja: “Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo”
(Mt 28,20).
O
teor da carta encíclica em destaque é ao mesmo tempo amplo e profundo. A
amplitude está presente na abordagem de praticamente todos os temas que afligem
cotidianamente o coração do discípulo missionário de Jesus atordoado por um
mundo eivado de contradições e de conotações anti-cristãs. Por outro lado, é de
animar e confortar as almas a análise profunda e tempestiva de cada um dos
temas oferecendo soluções que nos salvam na esperança.
O Papa Bento XVI, antes de
se tornar Papa, havia escolhido como lema de seu trabalho episcopal ser “Colaborador
da verdade”. Agora, como Papa, brinda-nos com uma bela Carta Encíclica, que
deveria ser um dos livros de cabeceira de cada homem de boa vontade, principalmente ser for um católico. Nesta
pérola literária, o Sumo Pontífice descreve com ímpar precisão a relação praticamente
indissociável existente entre a caridade e a verdade. Trata-se de um livro
denso de ensinamentos que nos convida a experimentar uma vida calcada no
testemunho de Jesus Cristo durante Sua vida terrena e, sobretudo, com Sua morte
e ressurreição. O leitor poderá descobrir na leitura dos seis capítulos que
compõem a obra a principal força propulsora para o verdadeiro desenvolvimento
de sua pessoa e da humanidade como um todo.
BENTO
XVI, Papa. Carta Encíclica Caritas in Veritate. SP: Paulinas, 2009, 142 p
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