quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

"Caritas in Veritate"

Resenha da Carta Encíclica "Caritas in Veritate" do Sumo Pontífice Bento XVI

O Cardeal Joseph Ratzinger, Papa Bento XVI, nasceu na Alemanha no dia 16.04.1927.  Foi ordenado sacerdote em 29.06.1951. No ano de 1953, doutorou-se em teologia com a tese «Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho».  Foi professor de teologia dogmática e fundamental na Escola Superior de Filosofia e Teologia. Em 1969 passou a ser catedrático de dogmática e história do dogma.De 1962 a 1965, prestou contributo ao Concílio Vaticano II como «perito». A sua intensa atividade científica levou-o a desempenhar importantes cargos ao serviço da Igreja Em 28.05.1977 recebeu a sagração episcopal tendo assumido, como lema, ser colaborador com a verdade. Neste mesmo ano recebeu o título de Cardeal. Foi Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e, em 1992, concluiu  o novo Catecismo da Igreja Católica. É membro honorário da Academia Pontifícia das Ciências. Entre as suas numerosas publicações, ocupam lugar de destaque o livro «Introdução ao Cristianismo», uma compilação de lições universitárias publicadas em 1968 sobre a profissão de fé apostólica, e o livro «Dogma e Revelação» (1973), uma antologia de ensaios, homilias e meditações, dedicadas à pastoral. Em 1985 publicou o livro-entrevista «Informe sobre a Fé» e, em 1996, «O sal da terra». E, por ocasião do seu septuagésimo aniversário, publicou o livro «Na escola da verdade», onde aparecem ilustrados vários aspectos da sua personalidade e da sua obra por diversos autores. Recebeu numerosos doutoramentos «honoris causa».

O Sumo Pontífice tendo como base as Sagradas Escrituras, a Tradição e o Magistério da Igreja apresenta, através de um documento elaborado com seis capítulos contendo setenta e nove parágrafos, a importância e o significado profundo da revelação de Deus na vida dos homens.  O documento trabalha temas atuais ligados à Fraternidade, desenvolvimento econômico e sociedade civil, desenvolvimento dos povos, direitos e deveres, meio-ambiente, família humana, ciências, avanços tecnológicos e comunicação. Atualiza os assuntos relacionados à doutrina social da Igreja destacando que a caridade é a sua via mestra, mas que só alcançaria seu objetivo maior quando for norteada pela verdade, já que só na verdade é que a caridade refulge e pode ser autenticamente vivida e a verdade é luz que dá sentido e valor à caridade. O autor lembra que um cristianismo de caridade sem verdade pode facilmente ser confundido com uma reserva de bons sentimentos, úteis para a convivência social, porém marginais. Ressalta, ainda, que não se pode perder de vista que existe um bem que é individual, contudo, muito mais importante é o bem comum, que está ligado à vida social das pessoas.
Em cada tema abordado o autor procura elencar as contradições de um mundo materialista onde reina o egoísmo e o relativismo, que servem de verdadeiras armadilhas nocivas ao ser humano, enquanto imagem e semelhança de Deus. Concomitantemente a tais problemas o autor apresenta os antídotos necessários para que cada homem de boa vontade possa superar os obstáculos verificados, à luz dos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo e sob Seu olhar amoroso. Agindo desta forma o ser humano irá contribuir decisivamente  para a promoção de um desenvolvimento integral envolvendo todos os homens e o homem todo. 
Bento XVI concluiu que sem Deus, o homem não sabe para onde ir e não consegue sequer compreender quem seja. Perante os enormes problemas do desenvolvimento dos povos que quase nos levam ao desânimo e à rendição, vem em nosso auxílio a palavra do Senhor Jesus Cristo que nos torna cientes deste dado fundamental: “Sem Mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5), e encoraja: “Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo” (Mt 28,20).

            O teor da carta encíclica em destaque é ao mesmo tempo amplo e profundo. A amplitude está presente na abordagem de praticamente todos os temas que afligem cotidianamente o coração do discípulo missionário de Jesus atordoado por um mundo eivado de contradições e de conotações anti-cristãs. Por outro lado, é de animar e confortar as almas a análise profunda e tempestiva de cada um dos temas oferecendo soluções que nos salvam na esperança. 

O Papa Bento XVI, antes de se tornar Papa, havia escolhido como lema de seu trabalho episcopal ser “Colaborador da verdade”. Agora, como Papa, brinda-nos com uma bela Carta Encíclica, que deveria ser um dos livros de cabeceira de cada homem de boa vontade,  principalmente ser for um católico. Nesta pérola literária, o Sumo Pontífice descreve com ímpar precisão a relação praticamente indissociável existente entre a caridade e a verdade. Trata-se de um livro denso de ensinamentos que nos convida a experimentar uma vida calcada no testemunho de Jesus Cristo durante Sua vida terrena e, sobretudo, com Sua morte e ressurreição. O leitor poderá descobrir na leitura dos seis capítulos que compõem a obra a principal força propulsora para o verdadeiro desenvolvimento de sua pessoa e da humanidade como um todo. 


BENTO XVI, Papa. Carta Encíclica Caritas in Veritate. SP: Paulinas, 2009, 142 p

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