NOSSA
SENHORA DE NAZARÉ, RAINHA E PADROEIRA DA AMAZÔNIA
Nossa Senhora de Nazaré é um dos nomes pelos
quais a Virgem Maria é invocada em inúmeros locais, especialmente em Portugal e
na Espanha. No Brasil, no estado do Pará, na sua capital Belém, a devoção atrai
multidões vindas de todas as partes do País para a Festa do Círio de Nazaré –
maior evento religioso local.
A
origem histórica da Devoção
A imagem original de Nossa Senhora da Nazaré,
que representa Maria com o Menino Jesus nos braços, está no Santuário que leva
seu nome em Portugal. Sua história foi publicada pela primeira vez, em 1609,
por Frei Bernardo de Brito. O monge de Alcobaça conta ter encontrado nos
registros de seu mosteiro uma doação territorial, de 1182, na qual constava a
história da Senhora de Nazaré transcrita de um pergaminho do ano de 714.
Segundo o pergaminho, a imagem teria sido
esculpida em Nazaré, na Galiléia, salva dos movimentos iconoclastas do século V
pelo monge grego Ciríaco, que a entregou a São Jerônimo e este, a Santo
Agostinho. Levada por ele ao mosteiro de Cauliniana, na Espanha, ali permaneceu
até 711, ano de terrível batalha entre cristãos e mulçumanos. Na ocasião, Dom
Rodrigo, rei cristão derrotado, conseguiu escapar do campo de batalha e, disfarçado
de mendigo, refugiou-se no mosteiro. Em confissão, revelou sua identidade a
Frei Romano e juntos fugiram, levando a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, que
permaneceu escondida em Portugal durante muito tempo, até ser encontrada por
pastores, séculos depois.
A popularidade desta devoção tornou-se tão
grande que Vasco da Gama, antes e depois de sua primeira viagem à Índia, e
Pedro Álvares Cabral, que viria a aportar no Brasil, visitaram a imagem da
Senhora de Nazaré e renderam-lhe homenagem.
No
Brasil
A partir dos séculos XVII e XVII ocorreu uma
grande divulgação do culto de Nossa Senhora de Nazaré com várias igrejas e
capelas dedicadas à sua devoção no mundo.
Em Belém, no mês de outubro de cada ano,
realiza-se uma festa que recebeu o nome de Círio de Nazaré e transformou-se num
fenômeno religioso, levando à cidade mais de dois milhões de peregrinos todos
os anos.
Segundo historiadores, a devoção teve início
no século XVII na povoação de Vigia (norte do Pará), com os padres jesuítas. A
tradição relata, no entanto, que, em 1700, Plácido José de Souza, um caboclo
descendente de portugueses, andava pelas imediações do igarapé Murutucu (área
hoje correspondente aos fundos da Basílica) quando encontrou uma pequena
estátua de Nossa Senhora de Nazaré. A imagem encontrava-se entre pedras lodosas
e bastante deteriorada pelo tempo. Plácido a levou para casa, limpou-a e lhe
improvisou um altar. Mas a imagem inexplicavelmente retornou ao lugar onde fora
encontrada. O fato se repetiu algumas vezes, e o caboclo decidiu, então, erguer
uma pequena ermida no local.
A divulgação do milagre atraiu a atenção dos
habitantes da região, que passaram a freqüentar a capela e render homenagem à
Mãe de Deus. O governador da Capitania, Francisco da Silva Coutinho, também
ficou interessado e determinou a remoção da imagem para a capela do Palácio da
Cidade. Porém, a imagem novamente desapareceu e ressurgiu em seu nicho
original.
A devoção adquiriu, então, caráter oficial, e
no lugar da primeira ermida hoje se encontra a suntuosa Basílica de Nossa
Senhora de Nazaré. As linhas arquitetônicas tendem para o centro religioso e
artístico da Igreja, a Capela Mor, onde se impõe o altar do Santíssimo
Sacramento, o “Glória” e os anjos de mármore em estilo barroco que emolduram a
pequenina estátua de Nossa Senhora de Nazaré.
Em 15 de dezembro de 1971, a Lei n. 4.371
declarou Nossa Senhora de Nazaré Padroeira do Pará e Rainha da Amazônia. A
Basílica foi tombada pelo Patrimônio Histórico do Estado em 1992, por sua
importância histórica, religiosa, cultural e artística.
A
Caminhada da Fé
São
inúmeros os milagres realizados e as graças alcançadas por intercessão de Nossa
Senhora de Nazaré.
A
procissão do Círio de Nazaré, realizada anualmente no segundo domingo de
outubro, em Belém, é um dos momentos de maior manifestação religiosa do País.
“Todo ato de peregrinação, de romaria, é um ato de fé”, afirmou Dom Orani João
Tempesta, em 2007, quando Arcebispo Metropolitano de Belém. “A pessoa deixa a
sua casa, e tem um encontro com Deus, um encontro de oração e de buscar no
Senhor o sentido de sua própria vida”.
A
primeira procissão aconteceu em setembro de 1793. Em 1800, foi introduzida na
procissão uma grande vela – o Círio – que guiava o cortejo e
acabou por dar o nome à festa. Em 1855, incorporou-se à festa a tradicional berlinda,
que abriga a imagem da Virgem durante a procissão, puxada por uma junta de
bois. Em 1964, a berlinda, atolada em certo ponto do trajeto, foi rebocada
pelos romeiros que puxavam com uma corda, que a partir de então passou
a fazer parte da procissão.
Ao
longo do tempo ainda outros elementos foram incluídos, como o carro dos
milagres, que serve como abrigo para ex-votos, o barco e o manto,
que a cada ano é renovado.
As
festividades começam no final do mês de agosto, com a Missa do Mandato, na qual
são abençoadas as réplicas da imagem original que serão levadas pelos
representantes de diversas comunidades em peregrinação pelas casas, órgãos
públicos, escolas e outras instituições e empresas da região.
As
romarias têm início na sexta-feira que antecede o segundo domingo de outubro e
encerram-se na segunda-feira depois do quarto domingo do mês.
Obrigado.
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