quinta-feira, 23 de junho de 2016

Iluminados pela Doutrina Social da Igreja


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Nossa origem e nosso destino: Deus

Gradualmente as instituições financeiras e econômicas acabaram se tornando as instituições supremas. A produção econômica tornou-se, em nossa sociedade atual, a preocupação central e o crescimento econômico passou a ser a principal medida pela qual cada nação – e a humanidade como um todo – julga o seu progresso.

Em poucos séculos o ser humano desviou o foco de interesse do seu mundo interior para o mundo exterior. É um grande paradoxo que os chamados pecados capitais praticamente se transformaram em virtudes: a cobiça, também conhecida por inveja, se transvestiu de ambição; e vários outros comportamentos modernos servem para encobrir a gula, a luxúria, a soberba, a avareza, a ira. Parece que somente a preguiça não se coaduna com o falso sucesso proporcionado pelas frágeis forças motrizes do mercado: ambição, fortuna, competição, concorrência, vaidade, posse e poder.

Por mais benigna e positiva que seja a nossa visão acerca das instituições humanas, ou por mais brilhantes que pudéssemos considerar suas realizações, temos que ao desprezarem a ação de Deus em cada uma dessas realizações, tornam-se profundamente violentas em seu poder de autodestruição e uma ameaça permanente para os sistemas básicos de sustentação da vida em nosso planeta.

Nessa caminhada, o ser humano é levado a um estado de confusão permanente acerca do que vale a pena fazer e busca alternativas para preencher o vazio. Criou conceitos e indicadores para medir o bem-estar social, como se mede a febre de um enfermo. Apelidou-o de “PIB” (Produto Interno Bruto) ou “PNB” (Produto Nacional Bruto).  Se for muito positivo é ótimo e se for negativo: “salve-se quem puder”. O Discurso é privatizar o lucro e socializar o prejuízo.

Assim, não estamos preocupados com a Felicidade Interna Bruta e a trocamos por uma cultura de morte, que leva ao desequilíbrio social e à robotização do ser humano transformado em mais uma peça da engrenagem, que pode ser substituída em qualquer tempo. Não resta dúvida que manter a riqueza nas mãos de muito poucos é a razão maior da situação caótica do mundo e das relações humanas de hoje. Os problemas se acumulam permeados de ações dolosas e fraudulentas envolvendo uma gama variada de crimes que se relacionam diretamente com toda essa confusão.

O econômico muitas vezes é o parâmetro único. É muito triste constatar que, na sua insensatez, o ser humano busca mergulhar no mais profundo materialismo aquisitivo e aperta o botão de sua própria desintegração.
Há tempo e necessidade para mudança.

Neste ponto temos que abrir a porta para a atuação da Doutrina Social da Igreja que nos trás a vivência e experiência cristã de séculos de atuação voltada para a essência e dignidade do ser humano. Não há razão alguma para acreditarmos que a racionalidade econômica nos conduzirá a decisões sábias em termos de levar o ser humano a realizar sua vocação espiritual, afetiva e ecológica.

Os pseudos valores que dominam a sociedade apenas parecem valores por causa dos enganos e confusões acerca do que é meio e o que é fim e se fazem acompanhar de premissas falsas tais como: os fins justificam os meios. Podemos afirmar que o verdadeiro destino do ser humano está situado em Deus e, por isso, é preciso que o ser humano transcenda e liberte-se da obscuridade do poder que delega a uma visão de mundo meramente materialista. Não temos dúvida de que o materialismo é a marca registrada da chamada sociedade “avançada”, enquanto ao mundo religioso/espiritual é reservada a alcunha de “retrógrado”.

Podemos observar à luz da Doutrina Social da Igreja o materialismo é insensível aos valores mais caros ao ser humano e que simplesmente deixa de considerar o caráter transcendental e espiritual das pessoas. A existência e o bem-estar de cada ser humano não podem ser considerados barreiras para a ciência, eis que a criatura é a própria razão desta mesma ciência e deve ser por ela auxiliado na sua caminhada para o encontro com o seu fim último: por Cristo, com Cristo e em Cristo.

Assim, o ser humano estará liberto de todos os domínios e formas de escravidão, podendo buscar sólido apoio na doutrina cristã, que é o suporte das ações da Igreja Católica, cujo empenho está na orientação e na remoção das formas estruturais do pecado e no fortalecimento da autonomia do ser humano presentes a sua dignidade e  a sua liberdade de filho adotivo de Deus feito à sua imagem e semelhança.


Não podemos nos deixar  levar simplesmente pelas estruturas e conceitos equivocados de progresso que nos faz perder o contato com a verdadeira essência de “ser” e nos faz escravos do “ter”. É preciso vencer os preconceitos e entraves na busca de maneiras novas de viver – revestir-nos de um “coração novo” – e de fortalecer o “ser” e que nos leve ao “ter” compaixão e amor pelo próximo e que nos faça participantes bem aventurados do progresso da consciência humana rumo ao destino transcendente e comum a todos nós: Deus.

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