As Preferências do “Consumidor” e a Análise do Custo-benefício
Outro ponto
importante da teoria econômica são as questões relacionadas às preferências do
consumidor por bens e serviços. Muitas situações viáveis existem, mas umas são
claramente preferíveis a outras, considerado o fato de que necessitam de menos
recursos para que sejam obtidos os mesmos resultados. A ciência econômica se
ocupa precisamente de buscar essas situações mais eficientes, que permitam
maior satisfação das necessidades humanas com o menor esforço possível o que,
inquestionavelmente, integra a forma de atuar racional do homem em todos os
tempos.
A racionalidade
econômica está igualmente presente na avaliação do custo-benefício de
determinada ação ou empreendimento econômico, cuja base teórica é conhecida
como o “custo de oportunidade” [1]e é
fator determinante na concretização de negócios em uma sociedade. Além disso,
muitas ações na vida envolvem a efetivação de pequenos ajustes adicionais a um
plano de ação existente. Os economistas os denominam de “alterações marginais”.
Assim, é possível notar que a tomada de decisão no campo da racionalidade
econômica depende de fatores subjetivos influenciados por uma dinâmica de
incentivos ou vantagens.
Essa
racionalidade é que se deve compreender. Veja o seguinte exemplo: Como a lei do
cinto de segurança afeta a segurança do trânsito? O efeito direto é óbvio. Com
o cinto de segurança em todos os carros, mais pessoas o utilizam e a
probabilidade de sobreviver a um acidente aumenta.
Neste sentido os
cintos salvam as vidas. O impacto direto dos cintos de segurança sobre a
segurança foi o que levou à edição de uma Lei exigindo a obrigatoriedade de seu
uso. Contudo, para se entender o alcance efetivo desta Lei deve-se reconhecer
que as pessoas alteram seu comportamento em resposta aos incentivos oferecidos.
Neste caso, o comportamento relevante é a velocidade e a prudência com as quais
as pessoas dirigem. Dirigir devagar e com cautela é custoso porque gasta o
tempo e a energia do motorista. Ao decidirem com que nível de segurança devem
dirigir, as pessoas racionais comparam o benefício marginal de uma direção
segura com o seu custo marginal. Elas dirigem mais lentamente e com cautela,
quando o benefício da maior segurança é alto. Isso explica porque as pessoas
dirigem mais atentamente quando está chovendo.
Veja
agora como a lei do cinto de segurança afeta o cálculo de custo-benefício de um
motorista racional. Os cintos de segurança tornam os acidentes menos custosos
para o motorista porque reduzem a probabilidade de ferimentos ou morte. Logo, a
lei do cinto de segurança reduz o benefício de se dirigir lenta e
cautelosamente. As pessoas respondem aos cintos de segurança como o fariam a
uma melhoria das estradas: dirigindo com mais velocidade e menos cautela.
Portanto, o resultado final da Lei do cinto de segurança é um número maior de
acidentes. Além disso, a redução nos cuidados ao dirigir tem um impacto adverso
evidente sobre pedestres. A Lei os expõe ao risco porque eles ficam mais
sujeitos a sofrer acidentes, mas não estão protegidos pelo cinto de segurança.
Portanto, a legislação que obriga ao uso do cinto de segurança tende a aumentar
o número de mortes de pedestres.
Tudo
isso serve para mostrar que ao analisar qualquer ação no campo econômico é preciso
considerar não só os impactos diretos, mas também as conseqüências indiretas
que decorrem da aplicação de vantagens ou incentivos, pois sempre irá provocar
uma alteração no comportamento das pessoas.
[1] Custo de oportunidade: qualquer
coisa de que se tenha de abrir mão para obter algum produto ou serviço. Muitas
vezes os tomadores de decisão verificam que o benefício obtido não compensa o
custo e o negócio não é efetivado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário