Documento de Aparecida – Síntese da Primeira Parte
“A vida de nossos
povos hoje”: O documento faz uso do método “ver, julgar e agir” para ver a
realidade e os dons recebidos pela graça e fé que nos fazem discípulos
missionários de Jesus em vista de uma missão.
Capítulo I – Os Discípulos Missionários: As luzes e as sombras dos tempos de hoje nos causam aflição, mas não são
suficientes para nos confundir. Como discípulos missionários de Jesus Cristo
somos destinatários de incalculáveis dons, que nos ajudam a olhar a realidade de
nossos povos e de nossa Igreja, com seus valores, suas limitações, suas angústias
e esperanças.
Ação de
Graças a Deus:
o Deus da Aliança, rico em misericórdia, nos amou
primeiro. Por isso o bendizemos. Agradecemos a Deus por nos fazer seus
colaboradores para que sejamos solidários com sua criação pela qual somos
responsáveis e movidos pelo dom da Palavra; pela celebração da fé, que
culmina na Eucaristia; pelo Sacramento do Perdão e pelo presente de Maria, Mãe
de Deus e da Igreja.
A alegria de sermos discípulos
e missionários de Jesus Cristo: A fé, a solidariedade
e a alegria são os antídotos que
fortificam o discípulo para enfrentar um mundo atemorizado pelo futuro e
oprimido pela violência e pelo ódio. Deve-se ter presente que ser cristão
não é uma carga, mas um dom e que a alegria da Boa Nova do Reino de Deus deve
chegar a todos.
A missão da Igreja é evangelizar: Devemos proclamar aos pobres e pecadores o Evangelho, que é
o próprio Jesus Cristo. A Igreja deve cumprir sua missão seguindo os passos de
Jesus Cristo e adotando suas atitudes (cf. Mt 9,35-36). Importa ver a realidade
que nos circunda à luz da providência Divina. O discípulo deve julgar segundo
Jesus Cristo e atuar a partir dar da Igreja, utilizando o método “ver – julgar
– agir”. Por fim, é imprescindível adotar atitudes de Jesus Cristo (servidor e
obediente até à morte de cruz, sendo rico se fez pobre e colocou sua confiança
no Pai). É “na generosidade dos
missionários que se manifesta a generosidade de Deus.”
Somos chamados a
transfigurar estes rostos: Pela promoção da
dignidade pessoal e, pela fraternidade entre todos. “No rosto sofrido de Jesus, com o olhar da fé, podemos ver o rosto
humilhado de tantos homens e mulheres de nossos povos.”
Capítulo II: Olhar
dos discípulos missionários sobre a realidade
A realidade que nos desafia como discípulos e
missionários: Os
discípulos são constantemente desafiados a discernir
os “sinais dos tempos”, à luz do Espírito Santo, para nos colocar a serviço do
Reino. Deve-se ter consciência das especificidades das mudanças globais que
afetam a realidade no mundo inteiro, a saber:
- O alcance universal da globalização; a influência da
ciência e da tecnologia mediante a capacidade de manipular geneticamente a
vida e agir através de uma comunicação de alcance universal. Toda a
fragmentação produz uma crise de sentido. A religião e a cultura são dois
âmbitos que dão unidade ao todo, mas também vêem suas tradições
desmoronar-se.
- Os meios de comunicação invadiram todos os espaços
gerando consequências para a família. A sociedade crê que pode funcionar
como “se Deus não existisse”, mas é incapaz de dar resposta aos anseios da
vocação humana. Observa-se a supervalorização da subjetividade individual
e este individualismo enfraquece os vínculos comunitários.
- Evidencia-se uma espécie de colonização cultural,
cujo resultado é uma cultura homogeneizada que conduz à indiferença com o
outro. Prefere-se viver o presente e valorizar o imediatismo. As mulheres
são submetidas a múltiplas formas de violência, dentro e fora de casa.
- Emergem novos sujeitos, com novos estilos de vida,
maneiras de pensar, de sentir, de perceber, e novas formas de
relacionar-se. Dilui-se a riqueza e a diversidade culturais de nossos
povos. O poder e a riqueza se concentram nas mãos de poucos. As economias locais
subordinam-se às instituições financeiras e às empresas transnacionais.
Crescente nível de corrupção, tanto do setor público como do privado.
Falta de credibilidade das Instituições públicas.
- Consequências nocivas ao trabalho humano (subemprego,
desemprego, trabalho informal), que ensejam o fenômeno da mobilidade
humana devido à precária situação econômica, ao crescimento da violência e
à falta de oportunidades.
Em suma: é preciso promover
uma globalização marcada pela solidariedade, pela justiça e pelo respeito aos
direitos humanos.
Situação de nossa Igreja nesta hora histórica
de desafios: A
Igreja, como servidora dos pobres, desenvolve esforço para promover a dignidade dos pobres nos campos da saúde; economia
solidária; educação; trabalho; acesso à terra; assistência; habitação; cultura.
Empenha-se em promover a justiça; direitos humanos; reconciliação dos povos.
A Igreja é Instância de Confiança e
Credibilidade: A
adesão à Igreja pode redundar em perseguição e em morte de muitos (Testemunhas
da fé). A Igreja se empenha em favor dos pobres
Os Frutos dos
esforços pastorais da Igreja:
- Animação bíblica
da pastoral; renovação da catequese; formação dos catequistas.
- Renovação
litúrgica: destacando a dimensão celebrativa e festiva; inculturação da liturgia.
- Santidade de
muitos presbíteros; testemunho de vida e trabalho missionário; criatividade
pastoral; diaconato permanente; ministérios
confiados aos leigos; testemunho da vida consagrada.
- Abnegada entrega
de missionários na missão “Ad Gentes”.
- Renovação
pastoral nas paróquias; florescimento das CEB; valorização dos movimentos
eclesiais e novas comunidades; Pastoral
Familiar / do Menor e / da Juventude.
- Maior interesse
pela formação teológica de leigos; novo impulso na Pastoral Social e na
Pastoral da Comunicação.
- Avanço na Pastoral
Orgânica; Desenvolvimento do diálogo ecumênico e inter-religioso; Busca de
espiritualidade, de oração e de mística; Profundo sentimento de solidariedade.
“SOMBRAS”:
I. Crescimento
do número de católicos menor que o crescimento da população.
II. Números
de Padres se distancia do crescimento da população.
III. Tentativas
de voltar a uma eclesiologia e espiritualidade contrárias à renovação do
Vaticano II;
IV. Ausência
de uma autêntica obediência, infidelidade à doutrina, à moral e à comunhão.
V. Escasso
acompanhamento aos leigos em suas tarefas de serviço à sociedade.
VI. Evangelização
com pouco ardor; ritualismo; falta de formação dos agentes de pastoral;
espiritualidade individualista.
VII. Linguagem
pouco significativa; falta de presença no campo da cultura, do mundo universitário
e da comunicação social.
VIII. Dificuldades
na sustentação econômica das estruturas pastorais.
IX. Perda
do sentido da vida e abandono da religião; católicos que deixam a Igreja para
aderir a outros grupos religiosos.
X. Grande
quantidade de grupos pseudos cristãos.
XI. Falta
de coerência evangélica – estilo de vida incompatível com a verdade e a
caridade;
XII. Falta
coração, persistência e docilidade para continuar a renovação do Vaticano II.
REFERÊNCIAS:
CONSELHO
EPISCOPAL LATINO AMERICANO, CELAM. Documento de Aparecida: Texto conclusivo da
V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe .4 ed. Brasília:
Edições CNBB, 2007.
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