O que é Heresia?
Consoante o Catecismo da
Igreja Católica “Chama-se heresia a negação pertinaz, após a recepção do
Batismo, de qualquer verdade que se deve crer com fé divina e católica, ou a
dúvida pertinaz a respeito dessa verdade”.
Heresia
Trinitária
Tema: Arianismo
Defensor: Ario. Sacerdote de
Alexandria pertencia à escola de Luciano de Antioquia e que, no ano de 313, foi
encarregado da pastoral da Igreja Baukalis, de Alexandria onde defendia
publicamente as suas teses.
Doutrina
segundo a qual o Filho de Deus é uma criatura, certamente a mais eminente e a
primeira criada; somente o Pai é eterno. Foi um dos mais sérios problemas
doutrinários que se puseram na Igreja antiga, foi o da conciliação da unidade
de Deus (firmemente professada no Antigo Testamento) com a Trindade de Pessoas
(Pai, Filho e Espírito Santo, tais como nos foram revelados pelo Novo
Testamento).
O
arianismo era pior que um cisma, pois negava uma verdade da fé: a divindade de
Cristo. Ario baseava-se em algumas frases do Evangelho que falavam que Jesus
era “inferior” ao Pai. Por exemplo: Cristo disse: “O Pai é maior do que eu” (Jo
14,28). Daí Ario tirou uma conclusão: se Jesus é inferior ao Pai, Ele não é
Deus, como o Pai, uma “criatura”. Segundo Ario, Cristo seria o mais perfeito de
todos os seres humanos, adornado de todas as virtudes, mas não seria Deus.
Essa
heresia espalhou-se rapidamente entre os teólogos e entre o povo. Era o mistério
da Santíssima Trindade e a obra divina da Redenção que estavam em jogo. Pois,
se Cristo não fosse Deus, não podia salvar ninguém.
O
primeiro a levantar a voz contra essa heresia foi um leigo: o teólogo Atanásio,
de Alexandria. Depois foi feito bispo e veio a ser um grande santo. Ele mostrou que, quando Jesus dizia que era
“inferior” ao Pai, a frase não podia ser entendida de maneira absoluta. Pois,
aí, Jesus estava falando de sua condição humana. E, como Homem, realmente Ele
se fez o “servidor” do Pai na obra da Redenção. Mas fazendo-se homem, Jesus não
havia deixado de ser Deus. Atanásio lembrava que as frases da Bíblia não podem
ser tomadas isoladamente. Devem ser vistas dentro de seu contexto. Pois, em
outros lugares a Bíblia fala da divindade de Cristo.
Referida
heresia estava criando polêmica e divisão. Então Constantino, preocupado com a
unidade do Império, convocou uma reunião geral dos Bispos para que, juntamente
com o Papa, resolvessem a questão. Foi este o primeiro Concílio Ecumênico, realizado
em Nicéia, no ano 325.
Para
definir a verdadeira fé frente à heresia de Ario, fez-se o Concílio em Nicéia.
Reuniram-se 300 bispos. O arianismo foi condenado e o grande defensor da
divindade de Cristo foi Santo Atanásio, que na ocasião era diácono. O Concílio
acrescentou ao Símbolo Apostólico algumas frases referentes à divindade de
Cristo. Daí surgiu o “Símbolo Niceno”. Diz que Jesus é:
Deus de Deus, Luz da
Luz,
Deus verdadeiro de
Deus verdadeiro
gerado, não criado,
consubstancial
(homoousios) ao Pai,
Por ele todas as
coisas foram feitas,
E por nós, homens, e
por nossa salvação
Desceu dos céus.
A
palavra homo ousios torna-se, de então por diante, a senha da reta doutrina.
Significava que o Filho é da mesma natureza (= Divindade) que o Pai; não saiu
do nada como as criaturas, mas desde toda a eternidade foi gerado sem dividir a
natureza divina.
Mesmo
sendo condenado como heresia, o arianismo continuou ganhando novos seguidores. O Papa Libério (352-366) sofreu muito. Viu a
maioria dos bispos passar para o arianismo. Os bispos arianos chegaram a eleger
Ario para o importantíssimo cargo de Patriarca de Constantinopla. Mas Ario
morreu antes de tomar posse. Hoje ela não existe mais como o nome de arianismo,
mas há seitas modernas que não acreditam na divindade de Cristo.
Heresia
Cristológica
Tema: Nestorianismo
Defensor: Nestório. Elevado
à cátedra episcopal de Constantinopla de 422 a 432. Afirmava que o Logos
habitava na humanidade de Jesus como um homem se acha num templo ou numa veste.
Haveria duas pessoas em Jesus: uma divina e outra humana. Elas estariam unidas
entre si por um vínculo afetivo ou moral.
Afirmada
a existência da natureza humana completa em Jesus, os teólogos puderam estudar
mais detidamente o modo como a humanidade e Divindade se relacionaram em Custo.
Antes, porém, vale mencionar as duas principais escolas teológicas da
antiguidade: a alexandrina e a antioquena, que muito influíram na elaboração da
cristologia. Por conseguinte, Maria não seria a Mãe de Deus (Theotókos), como
diziam os antigos, mas apenas Mãe de Cristo (Christokós); ela teria gerado o
homem Jesus, ao qual se uniu a Segunda pessoa da Santíssima Trindade com a sua
Divindade. Os predicados humanos e divinos não podem ser usados a não ser para
o Cristo, mas não para o Logos (Verbo).
Nestório
propunha suas idéias em pregação ao povo, nas quais substituía o título “Mãe de
Deus” por “Mãe de Cristo”. As suas concepções suscitaram reação não só em
Constantinopla, mas em outras regiões também, especialmente em Alexandria, onde
São Cirilo era Bispo ardoroso. Este escreveu em 429 aos bispos e aos monges do
Egito, condenando a doutrina de Nestório.
As
duas correntes e dirigiram ao Papa Celestino I, que rejeitou a doutrina de
Nestório num sínodo de 430. Deu ordem a São Cirilo para que intimasse Nestório
a retirar suas teorias, sob pena de exílio. São Cirilo enviou ao Patriarca de
Constantinopla uma lista de doze anatematismos, que condenavam o Nestorianismo.
Nestório não quis se dobrar, uma vez que contava com o apoio do Imperador.
O
Imperador Teodósio II, instado por Nestório, convocou para Éfeso em 431, o
terceiro Concílio Ecumênico a fim de solucionar a questão discutida. São
Cirilo, como representante do Papa Celestino I, abriu a assembleia diante de
153 Bispos. Logo na primeira sessão, foram apresentados os argumentos da
literatura antiga favoráveis ao título Theotókos, que acabou sendo solenemente
proclamado; daí se seguia que em Jesus havia uma só pessoa (a Divina); Maria se
tornara Mãe de Deus pelo fato de que Deus quisera assumir a natureza humana no
seu seio.
Todavia,
chegou a Éfeso o Patriarca João de Antioquia, com 43 Bispos seus seguidores,
todos favoráveis a Nestório. Não quiseram unir-se ao Concílio presidido por São
Cirilo e por isso formaram um conciliábulo, que depôs São Cirilo. O Imperador
acompanhava tudo de perto e sentia-se indeciso. Mas São Cirilo, com o auxilio
da irmã piedosa e influente do Imperador, Pulquéria, convenceu Teodósio II a
seguir a reta doutrina e, assim, Nestório foi exilado.
Apesar
de condenado, o Nestorianismo não se extinguiu. Os seus adeptos, expulsos do
Império Bizantino, foram buscar refúgio na Pérsia, onde fundaram a Igreja
Nestoriana.
Ao
Papa São Celestino atribui-se também a introdução da segunda parte da
Ave-Maria, isso é: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e
na hora de nossa morte!”.
Heresia
sobre questões Soteriológicas
Tema: Pelagianismo
Defensor: Pelágio (360 a 420).
Monge da Grã-Bretanha, asceta e diretor espiritual, que residiu durante longo
tempo em Roma, de 384 a 410; depois, diante da invasão de Alarico, refugiou-se
na Palestina.
Sua
doutrina minimizava o papel da graça. Exaltando o primado e a eficácia do
esforço voluntário na prática da virtude, Pelágio estima que esta esteja em
poder do homem; basta que Deus dê o livre arbítrio e a lei moral: a graça
desempenha no máximo o papel coadjuvante; a liberdade não sofreu nada pelo
pecado de Adão, que se reduz a mau exemplo. Batava querer. Segundo sua
doutrina, o homem (ou a mulher) nascia sem o pecado original, num estado de
perfeição, como Adão e Eva antes da queda. No fundo, era um orgulho por parte
da criatura.
A
favor de Pelágio estava um ex-monge chamado Celéstio. E contra a heresia de
Pelágio estava Santo Agostinho, que defendia a necessidade da graça de Deus
para nossa Salvação. Para Agostinho, nós nascemos numa natureza fraca, propensa
ao pecado. Somente por nossa força, jamais chegamos à Salvação. Não basta querer.
Precisamos do auxílio da graça. É Jesus quem nos salva. A Salvação é obra de
Deus, não dos homens.
E,
para afirmar isso, Santo Agostinho baseava-se na própria palavra de Deus. Jesus
disse aos discípulos: “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5). Falou ainda o
Senhor: “É pela graça que fostes salvos, mediante a fé. Não é de vós mesmos que
bem a fé: é dom de Deus. Não provém das boas obras, para que ninguém se glorie”
(Ef 2,8-9).
A
heresia de Pelágio foi condenada no Sínodo de Cartago (411) e no Concílio de Éfeso
(431). Ficou definido que a salvação é fruto da graça de Deus. É claro que o
homem entra também com sua participação, acolhendo a graça no seu coração, para
que esta não fique em vão. Santo Agostinho disse: “Deus te criou sem ti, mas
não quer salvar-te sem ti”.
Até a próxima!
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