Evangelho de São Lucas (Capítulo 22) - Parte III
Durante toda Paixão Jesus conservará atitudes cheias de dignidade. Fica
clara a liberdade com a qual Jesus atravessa esses momentos trágicos. A oração
eucarística romana expressa essa atitude de Jesus: “No momento de ser entregue
e de entrar livremente em sua Paixão”.
Jesus é preso e levado à casa do Sumo Sacerdote. Enquanto Jesus passa
pelo interrogatório e enfrenta o poder.
Jesus é considerado como Mestre pelo Sumo Sacerdote e, logo após, ao ser
torturado pelos soldados é chamado de Profeta. A elite social e religiosa de
Jerusalém, representada, pelos Sumos sacerdotes,
o Sinédrio, Pilatos e Herodes, é a responsável direta e imediata da morte de
Jesus. O poder romano, na pessoa do procurador Pilatos, é apresentado como
aquele que autoriza a execução de Jesus, sob pressão dos chefes do Templo.
Pilatos manda Jesus preso a Herodes Antipas, que,
nestes dias, encontra-se em Jerusalém. Jesus é da Galileia, onde governa
Herodes. O comportamento de Jesus diante de Herodes é impressionante. Não faz
nada e não diz uma palavra. Para Herodes, Jesus pode ser um divertimento. De
qualquer modo, Herodes e Pilatos tornam-se amigos (Lc 23,12). Os príncipes unem-se
para conspirar contra o Ungido de Deus (Sl 2).
Quem é Jesus?
As autoridades já tinham decidido condenar e matar a Jesus. Mas qual
seria um motivo plausível? Este é o problema da sessão oficial do Sinédrio,
reunido ao amanhecer.
És o Messias? Em outras palavras, seria Jesus o Messias-Rei esperado há
tanto tempo para restabelecer o Reino de Israel, com toda a glória que este
havia tido no tempo de Davi e Salomão? Se Jesus confessa que sim, os sinedritas
o entregam aos romanos como inimigo do império. Mas Jesus não se identifica com
o messianismo. Sua missão não é a de estabelecer uma dominação exploradora e
opressora, e sim a de fundar o Reino da Justiça, que liberta e dá vida a todos.
Notemos a progressão no modo como Jesus é visto: Mestre, Profeta, Messias-Rei,
Filho do Homem, Filho de Deus.
Esse foi o motivo pelo qual o Sinédrio condenou a Jesus. Um motivo
religioso. Trata-se de uma manipulação da Lei. Não querem aceitar que a
atividade de Jesus é uma atividade do próprio Deus, e por isso manipulam a Lei
de Deus. O Sinédrio devia julgar Jesus pela Lei de Moisés e encontrar um motivo
religioso para a condenação de Jesus. E eles conseguem o motivo manipulando
genericamente a lei, exatamente como os poderosos costumam fazer para
assegurar, seus próprios privilégios à custa da condenação do povo justo e
inocente.
A vontade de Jesus não está em oposição à do Pai. O próprio fato de
proferir tais palavras mostra uma forte afirmação do desejo de Jesus de que a
vontade do Pai prevaleça. É preciso cumprir a vontade de Deus.
Até Breve com a parte IV...
Nenhum comentário:
Postar um comentário