quarta-feira, 4 de junho de 2014

Paixão e Ressurreição de Jesus na visão de São Lucas

                                                                         Parte I -  A Páscoa


          A palavra “Páscoa” é empregada no sentido da tradição judaica como um momento que deve ser celebrado, uma ação de graças a Deus.

        Todo judeu aprende desde cedo que a história é o lugar privilegiado para conhecimento e a celebração de Deus. A festa da Páscoa é grande dia de sacrifício. Os primogênitos de Israel não são apenas resgatados pela substituição do animal (cordeiro): são também poupados da morte infligida aos primogênitos do Egito pelo anjo exterminador. A festa para os judeus é um reviver do Êxodo.

         É o sacrifício da Pascoa, em honra do Senhor, que ferindo os egípcios, passou por cima das casas dos israelitas no Egito e preservou nossas casas (Ex 12, 26-27). O Cordeiro sacrifical morreu como expiação, em lugar do primogênito da casa. A Páscoa, então, representava um ato de redenção, um “resgate”.

        É importante para o leitor entender a diferença eis que o próprio Jesus é quem transfigura o sentido da Páscoa antiga e insere todo ser humano no mistério da sua vida, morte e ressurreição. É Ele que nos ensina a falar com Deus, partindo do chão da vida.

      A imagem bíblica do servo sofredor que era atribuída a Israel, vai ser focada em Jesus, estabelecendo assim uma relação entre o Messias e o servo sofredor. Contudo, para que não haja uma discrepância entre estas duas imagens, os discípulos de Jesus vão costurar as diversas tradições, mostrando que o servo e o Messias são a mesma pessoa. Este vive a plena obediência ao Pai e realiza sua obra oferecendo sua vida, pela plenitude do Reino.


        Ao chamar os discípulos, Jesus lhes dá uma missão muito precisa e faz com que os discípulos participem igualmente de sua missão. Ao mesmo tempo, os vincula a si como amigo e como irmão.

       O evangelho de Lucas é complexo, porque ele superpõe a celebração judaica da Páscoa ( Lc 22, 14-18) e a celebração cristã da Eucaristia (Lc 22, 19-23). Ele quer mostrar que a Eucaristia cristã substituiu a Páscoa judaica, assumindo o significado que esta possuía e levando esse significado ao máximo. Dessa forma, a Páscoa assume um significado universal, e a libertação que ela registra é uma libertação total e para todos.

     O cordeiro pascal é substituído na Eucaristia pelo pão, e o sangue-vinho do cordeiro é substituído pelo vinho-sangue de Jesus.  O supremo dom do amor de Deus em Jesus, que entrega o seu próprio corpo e derrama o seu próprio sangue.

       A Eucaristia celebrada em memória de Jesus é a lembrança contínua e ao mesmo tempo a presença do gesto que sela a fidelidade de Jesus e daqueles que o seguem.

        O traidor também está participando dessa celebração. Quem é ele? Jesus sabe, mas não conta. E a ansiedade toma conta de todos os que até hoje participam da Eucaristia. Serei eu? Será você? Quem vai trair Jesus e o seu projeto?

          
         Até Breve!



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