Parte I - A Páscoa
A palavra “Páscoa” é empregada no sentido da tradição
judaica como um momento que deve ser celebrado, uma ação de graças a Deus.
Todo judeu aprende desde cedo que a história é o lugar
privilegiado para conhecimento e a celebração de Deus. A festa da Páscoa é
grande dia de sacrifício. Os primogênitos de Israel não são apenas resgatados
pela substituição do animal (cordeiro): são também poupados da morte infligida
aos primogênitos do Egito pelo anjo exterminador. A festa para os judeus é um
reviver do Êxodo.
É o sacrifício da Pascoa, em honra do Senhor, que
ferindo os egípcios, passou por cima das casas dos israelitas no Egito e
preservou nossas casas (Ex 12, 26-27). O Cordeiro sacrifical morreu como
expiação, em lugar do primogênito da casa. A Páscoa, então, representava um ato
de redenção, um “resgate”.
É importante para o leitor entender a diferença eis que
o próprio Jesus é quem transfigura o sentido da Páscoa antiga e insere todo ser
humano no mistério da sua vida, morte e ressurreição. É Ele que nos ensina a
falar com Deus, partindo do chão da vida.
A imagem bíblica do servo sofredor que era atribuída a
Israel, vai ser focada em Jesus, estabelecendo assim uma relação entre o
Messias e o servo sofredor. Contudo, para que não haja uma discrepância entre
estas duas imagens, os discípulos de Jesus vão costurar as diversas tradições,
mostrando que o servo e o Messias são a mesma pessoa. Este vive a plena
obediência ao Pai e realiza sua obra oferecendo sua vida, pela plenitude do
Reino.
Ao chamar os discípulos, Jesus lhes dá uma missão
muito precisa e faz com que os discípulos participem igualmente de sua missão.
Ao mesmo tempo, os vincula a si como amigo e como irmão.
O evangelho de Lucas é complexo, porque ele superpõe a
celebração judaica da Páscoa ( Lc 22, 14-18) e a celebração cristã da Eucaristia
(Lc 22, 19-23). Ele quer mostrar que a Eucaristia cristã substituiu a Páscoa
judaica, assumindo o significado que esta possuía e levando esse significado ao
máximo. Dessa forma, a Páscoa assume um significado universal, e a libertação
que ela registra é uma libertação total e para todos.
O cordeiro pascal é substituído na Eucaristia pelo
pão, e o sangue-vinho do cordeiro é substituído pelo vinho-sangue de
Jesus. O supremo dom do amor de Deus em
Jesus, que entrega o seu próprio corpo e derrama o seu próprio sangue.
A Eucaristia celebrada em memória de Jesus é a
lembrança contínua e ao mesmo tempo a presença do gesto que sela a fidelidade
de Jesus e daqueles que o seguem.
O traidor também está participando dessa celebração.
Quem é ele? Jesus sabe, mas não conta. E a ansiedade toma conta de todos os que
até hoje participam da Eucaristia. Serei eu? Será você? Quem vai trair Jesus e
o seu projeto?
Até Breve!
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