terça-feira, 10 de junho de 2014

Paixão e Ressurreição de Jesus em Lucas

                                                                          Parte II

            Nem o tempo de Jesus nem o da Igreja aparecem como realidade última. Embora Lucas insista no fato de que, através de Jesus, realizaram-se as promessas de Deus feitas no passado através dos profetas, ele não vê no tempo da Igreja o fim da história.

          Em um sentido é o reino de Deus presente na história que representa a salvação hoje e no outro sentido a parusia que é o reino de Deus em sua plenitude com a salvação escatológica na morada eterna.

          O fim do caminho de Jesus é difícil e trágico, pois ele vai ser incluído “entre os fora da lei”, isto é, como criminoso social. O caminho exige, pois, resistência e luta. Na primeira missão nada faltou. O primeiro anúncio é alegre e compensador. Mas as consequências são duras: perseguição, traição, prisão, tortura, morte. É hora da luta: A espada é simbólica: lembra a resistência e a ousadia de não voltar atrás. Não se trata da violência que abafa ou destrói a vida, mas daquela que força o caminho para que a própria vida se manifeste. É a atitude daqueles que estão convencidos de que vale a pena lutar para que todos conquistem a liberdade e a vida. É preciso cumprir a vontade de Deus, mesmo ao custo da própria vida com morte de cruz.

      Em meio à Páscoa-Eucarística, surge a questão: Quem é o maior? Sinal que os apóstolos não entenderam nada. Não perceberam que a justiça produz igualdade, e esta se manifesta como partilha e fraternidade. Pelo contrário, desejam o poder! Em resposta, Jesus contrapõe o costume das nações. O maior será como aquele que serve. Dessa forma, Jesus inverte completamente o esquema do poder. Não se trata mais de agir com o pano de fundo da desigualdade, mas com o da igualdade. Em vista da igualdade, o poder de dominação cede o seu lugar ao poder do amor, que não se impõe pela violência nem produz dominação. E Jesus é o modelo. Ele é o maior, mas está entre todos como aquele que serve. Quando soubermos respeitar aquele último que serve então certamente saberemos respeitar a todos. E mais: é aquele que serve que se sentará como juiz para julgar o povo de Deus!

           Em Lucas 22,32, onde aparece o conteúdo da oração de Jesus, é por Pedro que Jesus promete rezar, porque esse apóstolo terá um papel particular a desempenhar na Igreja. Pedro recebe a missão de confirmar a fé de seus irmãos. Por isso, é importante que sua fé não despareça. Seu serviço terá mais chance de exercer-se na humildade e no amor a seus irmãos. O mais importante é que Ele tinha a atitude de um servo com aqueles a quem Ele mirava (Lc 22,25-27). A vida e a morte de Jesus são uma lição de serviço que os discípulos de ontem e de hoje devem assimilar. O serviço está intimamente relacionado com a celebração da Eucaristia. A Eucaristia é a celebração do radical serviço de Jesus, dando a sua vida.

           Esta narração apresenta pormenores exclusivos de Lucas. Primeiro, o costume de Jesus passar noites rezando no Monte das Oliveiras. “Os discípulos seguiram a Jesus”. 

             Jesus está plenamente consciente da gravidade da situação. Sabe da traição, e sabe que chegou o momento fatal. Por isso recomenda aos discípulos: “Rezem para não caírem na tentação”. Essa frase de Jesus podia inspirar a insistência de Lucas sobre a constância que deve caracterizar a oração do discípulo de Cristo. Como Jesus, o cristão também deve rezar para não sucumbir.

          A palavra tentação aparece duas vezes. A oração que Jesus dirige ao Pai mostra que é a grande tentação: deixar tudo para salvar a própria pele. Em outras palavras, trair o projeto de Deus, negar tudo o que fora dito e feito até o momento, e salvar a própria vida. Mas Jesus vence a tentação: “Não se faça a minha vontade, mas a tua”.  Jesus será fiel até o fim.

          E os discípulos dormem. Estão completamente inconscientes do que está para acontecer. E então descobrirmos o sentido da oração: manter-se consciente e de prontidão, para não ser pego de surpresa e nem cometer a insensatez de sair correndo.


            É o momento mais difícil na vida dos discípulos. Um dos Doze trai Jesus. Os outros não entendem o que está acontecendo. A tentativa de acompanhar Jesus a certa distancia também se frustra. Pedro nega conhecer Jesus. Os outros já se haviam sumido. A crença na ressurreição também é difícil. Mas ela acaba envolvendo a todos.

Boa Leitura. Até Breve!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário