O Mistério da Redenção Humana
Compreensão Teológica: Salvar, Redimir e Libertar.
No presente trabalho buscaremos
desenvolver o tema relacionado ao mistério da redenção e sua compreensão
teológica e buscaremos explorar a noção de redenção em virtude da qual Deus
salva, redime e liberta o ser humano.
Esta relação de Deus com o povo
eleito é bem próxima e mostra o modo privilegiado que Ele escolheu para salvar
Israel livrando-o da escravidão egípcia[1]
e constituindo-o seu “povo particular”[2]
e, nesse mesmo sentido, emerge a obra de Cristo como Salvador no resgate da
humanidade e de toda iniquidade, purificando um povo que lhe pertence como
próprio[3]. Fica evidente e bem caracterizada a
continuidade do plano salvífico de Deus.
Deus criou o homem incorruptível[4]
e a imortalidade é seu destino, a morte é o fruto do mal. Daí uma vida
terrestre de sofrimento, mas vivida santamente, terá sua recompensa junto ao
Senhor, enquanto a impiedade levará seus partidários à aniquilação de seus
sonhos e à sua destruição. Após a queda dos nossos primeiros pais, com a
prometida redenção, Deus alentou-os a esperar uma salvação e velou
permanentemente pelo gênero humano, a fim de dar a vida eterna a todos aqueles
que, pela perseverança na prática do bem, procuram a salvação.[5]
O projeto divino da salvação mediante a morte do “Servo, o Justo”[6]
havia sido anunciado antecipadamente na Escritura como um mistério de redenção
universal, isto é, de resgate que liberta os homens da escravidão do pecado.
A vida humana, estendida entre seu nascimento e morte e determinada pela
lembrança e expectativa, tem uma constituição essencialmente temporal. A
própria experiência de Deus e seu conhecimento são transmitidos a nós seres
humanos em termos históricos, e somente nesses termos históricos é que podem
ser transmitidos. Toda nova tentativa de descrever a fé cristã em Deus por isso
se vê remetida ao testemunho da experiência e da história da salvação do povo
de Deus no qual Deus cumpre sua promessa.
Enquanto Jesus não morresse na Cruz, pagando pelos pecados dos homens,
nenhuma alma podia entrar no céu: ninguém podia ver a Deus face a face. E, não obstante, haviam existido muitos
homens e mulheres que tinham crido em Deus e na sua misericórdia, e guardado
suas leis. Como estas almas não haviam merecido o inferno “permaneciam (até a
Crucifixão) num estado de felicidade[7]
puramente natural, sem visão direta de Deus. Eram muito felizes, mas com a
felicidade que nós poderíamos alcançar na terra, se tudo nos corresse
perfeitamente bem” (TRESE, 1990). A
estas almas Jesus apareceu enquanto seu corpo jazia na sepultura, para
anunciar-lhes a boa nova da sua redenção.
Sob o aspecto etimológico, o termo “redimir” significa recuperar algo
perdido, vendido ou oferecido. Pelo pecado, o homem tinha perdido seu direito a
herança à união eterna com Deus e à felicidade perene no céu. O Filho de Deus
feito homem assumiu a tarefa de recuperar esse direito para nós. Por isso o
chamamos Redentor, e à tarefa que realizou, redenção. Jesus é mediador em
sua qualidade de homem, que lhe permite ser salvador de todos, com sua morte em
resgate por eles: “Eis que o que é bom e aceitável diante de Deus, nosso
Salvador, que quer que todos os homens sejam salvos, e cheguem ao conhecimento
da verdade: Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, um homem,
Cristo Jesus, que se deu em resgate por todos.”[8]
Podemos depreender que, do
mesmo modo que a traição do homem a si mesmo se realiza pela negativa em dar
seu amor a Deus (negativa expressada no ato de desobediência que é o pecado),
assim também a tarefa redentora de Cristo assumiu a forma de um ato de amor
infinitamente perfeito, expresso no ato de obediência infinitamente perfeita
que abrangeu toda a sua vida na terra. A morte de Cristo na Cruz foi a
culminância do seu ato de obediência; mas o que precedeu o Calvário e o que ele
se seguiu é também parte do seu Sacrifício.
Tudo o que Deus faz tem valor infinito. Por ser Deus, o menor dos
sofrimentos de Cristo era suficiente para pagar o repúdio de Deus pelos homens.
O mais leve calafrio que o Menino Jesus sofresse na gruta de Belém bastaria
para reparar todos os pecados que os homens pudessem empilhar no outro prato da
balança. Mas, no plano de Deus, isso não era o bastante. O Filho de Deus
realizaria seu ato de obediência infinitamente perfeito até o ponto de
“aniquilar-se” totalmente, até o ponto de morrer no Calvário. O Calvário foi o
ápice, a culminância do ato redentor.
Pelo fato de a paixão e a morte de Cristo terem superado tanto o preço
realmente necessário para satisfazer pelo pecado, Deus nos tornou patente de um
modo inesquecível as duas lições paralelas da infinita maldade do pecado e do
infinito amor que Êle nos têm.
Ainda que o sofrimento de Cristo baste para pagar por todos os pecados
de todos os homens, isto não quer dizer que cada um de nós fique
automaticamente liberado do pecado. Ainda é necessário que cada qual,
individualmente, aplique a si os méritos do sacrifício redentor de Cristo, ou,
no caso das crianças, que outro lhos aplique pelo Batismo.
Ensina-nos João Paulo II em sua carta Redemptor Hominis que: “a única orientação do
espírito, a única direção da inteligência, da vontade e do coração para nós é
esta: na direção de Cristo, Redentor do homem; na direção de Cristo, Redentor
do mundo. Para Ele queremos olhar, porque só n'Ele, Filho de Deus, está a
salvação, renovando a afirmação de Pedro: « Para quem iremos nós, Senhor? Tu
tens as palavras de vida eterna ». “
Em Cristo foi revelado de um modo novo, de maneira
admirável, aquela verdade fundamental respeitante à criação que o Livro do Genesis
atesta quando repete mais de uma vez: Deus viu que as coisas eram boas. O bem
tem a sua nascente na Sapiência e no Amor. Em Jesus Cristo, o mundo visível,
criado por Deus para o homem — aquele mundo que, entrando nele o pecado, foi
submetido à caducidade -- readquire
novamente o vínculo originário com a mesma fonte divina da Sapiência e do Amor.
Com efeito, “Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu Filho unigênito”. Assim como no homem-Adão este vínculo foi
quebrado, assim no Homem-Cristo foi de novo reatado.
Jesus Cristo, Filho de Deus vivo, se
tornou a nossa reconciliação junto do Pai. Ele precisamente e só Ele satisfez
ao eterno amor do Pai, àquela paternidade que desde o princípio se expressou na
criação do mundo, na doação ao homem de toda a riqueza do que foi criado, ao
fazê-lo “pouco inferior aos anjos”, enquanto criado ”à imagem e à semelhança de
Deus”; e, igualmente satisfez àquela paternidade de Deus e àquele amor, de um
certo modo rejeitado pelo homem, com a ruptura da primeira Aliança e das
alianças posteriores que Deus « repetidas vezes ofereceu aos homens ».
A redenção do mundo — aquele tremendo
mistério do amor em que a criação foi renovada — é, na sua raiz mais profunda,
a plenitude da justiça num Coração humano: no Coração do Filho Primogênito, a
fim de que ela possa tornar-se justiça dos corações de muitos homens, os quais,
precisamente no Filho Primogênito, foram predestinados desde toda a eternidade
para se tornarem filhos de Deus e chamados para a graça, chamados para o amor.
A cruz no Calvário, mediante a qual Jesus Cristo — Homem, Filho de Maria
Virgem, filho putativo de José de Nazaré —“deixa” este mundo, é ao mesmo tempo
uma nova manifestação da eterna paternidade de Deus, o Qual por Ele (Cristo) de
novo se aproxima da humanidade, de cada um dos homens, dando-lhes o três vezes
santo “Espírito da verdade”.
Com esta revelação do Pai e efusão do
Espírito Santo, que imprimem um sigilo indelével no mistério da Redenção, se
explica o sentido da cruz e da morte de Cristo. O Deus da criação revela-se
como Deus da redenção, como Deus “fiel a si próprio”, fiel ao seu amor para com
o homem e para com o mundo, que já se revelara no dia da criação. E este seu
amor é amor que não retrocede diante de nada daquilo que nele mesmo exige a justiça.
E por isto o Filho, que não conhecera o pecado, Deus tratou-o, por nós, como
pecado. E se tratou como pecado Aquele que era absolutamente isento de qualquer
pecado, fê-lo para revelar o amor que é sempre maior do que tudo o que é
criado, o amor que é Ele próprio, porque Deus é amor. E, sobretudo o amor é
maior do que o pecado, do que a fraqueza e do que a caducidade do que foi
criado, mais forte do que a morte; é amor sempre pronto a erguer e a perdoar,
sempre pronto para ir ao encontro do filho pródigo, sempre em busca da
revelação dos filhos de Deus, que são chamados para a glória futura. Esta
revelação do amor é definida também misericórdia; e tal revelação do amor e da
misericórdia tem na história do homem uma forma e um nome: chama-se Jesus Cristo.
O homem não pode viver sem amor. Ele
permanece para si próprio um ser incompreensível e a sua vida é destituída de
sentido, se não lhe for revelado o amor, se ele não se encontra com o amor, se
o não experimenta e se o não torna algo seu próprio, se nele não participa
vivamente. E por isto precisamente Cristo Redentor revela plenamente o homem ao
próprio homem. Esta é a dimensão humana do mistério da Redenção.
Nesta dimensão o homem reencontra a
grandeza, a dignidade e o valor próprios da sua humanidade. No mistério da
Redenção o homem é novamente reproduzido e, de algum modo, é novamente criado. “Não
há judeu nem gentio, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher: todos
vós sois um só em Cristo Jesus”.
O homem que quiser compreender-se a si
mesmo profundamente deve, com a sua inquietude, incerteza e também fraqueza e
pecaminosidade, com a sua vida e com a sua morte, aproximar-se de Cristo. Ele
deve, por assim dizer, entrar n'Ele com tudo o que é em si mesmo, deve
apropriar-se e assimilar toda a realidade da Encarnação e da Redenção, para se
encontrar a si mesmo. Se no homem atuar este processo profundo, então ele
produz frutos, não somente de adoração de Deus, mas também de profunda
maravilha perante si próprio. Que grande valor deve ter o homem aos olhos do
Criador, se mereceu ter um tal e tão grande Redentor, se Deus deu o seu Filho,
para que ele, o homem, não pereça, mas tenha a vida eterna.
Na realidade, aquela
profunda estupefação a respeito do valor e dignidade do homem chama-se
Evangelho, isto é a Boa Nova. Chama-se também Cristianismo. Uma tal estupefação
determina a missão da Igreja no mundo, também, e talvez mais ainda, « no mundo
contemporâneo ». Tal estupefação e conjuntamente persuasão e certeza, que na
sua profunda raiz é a certeza da fé, mas que de um modo misterioso vivifica
todos os aspectos do humanismo autêntico, está intimamente ligada a Cristo. Ela
estabelece também o lugar do mesmo Jesus Cristo — se assim se pode dizer — o
seu particular direito de cidadania na história do homem e da humanidade. A
Igreja, que não cessa de contemplar o conjunto do mistério de Cristo, sabe com
toda a certeza da fé, que a Redenção que se verificou por meio da Cruz,
restituiu definitivamente ao homem a dignidade e o sentido da sua existência no
mundo, sentido que ele havia perdido em considerável medida por causa do
pecado. E por isso a Redenção realizou-se no mistério pascal, que, através da
cruz e da morte, conduz à ressurreição.
A tarefa fundamental da
Igreja de todos os tempos e, de modo particular, do nosso, é a de dirigir o
olhar do homem e de endereçar a consciência e experiência de toda a humanidade
para o mistério de Cristo, de ajudar todos os homens a ter familiaridade com a
profundidade da Redenção que se verifica em Cristo Jesus. Simultaneamente,
toca-se também a esfera mais profunda do homem, a esfera — queremos dizer — dos
corações humanos, das consciências humanas e das vicissitudes humanas.
No desempenho desta
missão, olhemos para o próprio Cristo, Aquele que é o primeiro evangelizador, e
olhemos também para os seus Apóstolos, Mártires e Confessores. Cristo e, em
seguida, os seus Apóstolos, ao anunciarem a verdade que não provém dos homens,
mas sim de Deus — “a minha doutrina não é tão minha como daquele que me enviou”,
ou seja, o Pai — embora agindo com todo o vigor do espírito, conservam uma
profunda estima pelo homem, pela sua inteligência, pela sua vontade, pela sua
consciência e pela sua liberdade. De tal modo, a própria dignidade da pessoa
humana torna-se conteúdo daquele anúncio, mesmo sem palavras, mas simplesmente
através do comportamento em relação à mesma pessoa livre. Um comportamento
assim parece corresponder às necessidades particulares do nosso tempo. Uma vez
que nem em tudo aquilo que os vários sistemas e também homens singulares veem e
propagam como liberdade está de fato a verdadeira liberdade do homem, mais a
Igreja, por força da sua divina missão, se torna guarda desta liberdade, a qual
é condição e base da verdadeira dignidade da pessoa humana.
Jesus Cristo vai ao
encontro do homem de todas as épocas, também do da nossa época, com as mesmas
palavras que disse alguma vez: “conhecereis a verdade, e a verdade tornar-vos-á
livres”. Estas palavras encerram em si uma exigência fundamental e, ao mesmo
tempo, uma advertência: a exigência de uma relação honesta para com a verdade,
como condição de uma autêntica liberdade; e a advertência, ademais, para que
seja evitada qualquer verdade aparente, toda a liberdade superficial e
unilateral, toda a liberdade que não compreenda cabalmente a verdade sobre o
homem e sobre o mundo. Ainda hoje, depois de dois mil anos, Cristo continua a
aparecer-nos como Aquele que traz ao homem a liberdade baseada na verdade, como
Aquele que liberta o homem daquilo que limita, diminui e como que espedaça essa
liberdade nas próprias raízes, na alma do homem, no seu coração e na sua
consciência. Que confirmação estupenda disto mesmo deram e não cessam de dar
aqueles que, graças a Cristo e em Cristo, alcançaram a verdadeira liberdade e a
manifestaram até em condições de constrangimento exterior.
O próprio Jesus Cristo,
quando compareceu prisioniero diante do tribunal de Pilatos e por ele foi
interrogado acerca das acusações que Lhe tinham sido feitas pelos
representantes do Sinédrio, porventura não respondeu Ele: “Para isto é que eu
nasci e para isto é que eu vim ao mundo: para dar testemunho da verdade?” Com tais palavras pronunciadas diante do
juiz, no momento decisivo, foi como se quisesse confirmar o que já havia dito
em precedência: « Conhecereis a verdade, e a verdade tornar-vos-á livres ».
No decorrer de tantos
séculos e de tantas gerações, a começar dos tempos dos Apóstolos, não foi acaso
o mesmo Jesus Cristo que tantas vezes compareceu ao lado dos homens julgados
por causa da verdade, e não foi Ele para a morte, talvez, conjuntamente com
homens condenados por causa da verdade? Cessa Ele, porventura, de continuamente
ser o porta-voz e advogado do homem que vive em espírito e em verdade? Do mesmo
modo que não cessa de sê-lo diante do Pai, assim também continua a sê-lo em
relação à história do homem. E a Igreja, por sua vez, apesar de todas as
fraquezas que fazem parte da história humana, não cessa de seguir Aquele que
proclamou: “Aproxima-se a hora em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai
em espírito e em verdade”.
O termo e a ideia de salvação são básicos na fé e na teologia
veterotestamentárias. Como muito outros termos teológicos salvação tem
originalmente significado próprio, mas no uso do AT isso transparece muito
menos frequentemente do que o significado religioso. Portanto salvar significa
prestar ajuda ou proteção nalguma “dificuldade”: Iahweh preserva a vida dos
homens e dos animais[9];
uma jovem agredida clama por salvação[10].
Que Iahweh salva afirma-se centenas de vezes no AT e que somente Iahweh salva[11]
e que a salvação de Israel está em Iahweh[12].
A ideia de salvação aprofunda-se e desenvolve-se com o exílio, pois o poder e a
vontade salvíficos de Iahweh devem ser revelados de maneira que excedam também
a grandeza de seus atos salvíficos no êxodo, se Israel deve sobreviver à
catástrofe Mas a salvação futura assume bem cedo um caráter messiânico e é
vista como uma nova criação de Israel, um evento em que todos os temas de
vitória e libertação implícitos no termo atingem sua plenitude.
Nos
evangelhos sinóticos, por exemplo, “salvar” significa uma cura realizada por
Jesus[13]
e essa salvação é atribuída à fé da pessoa curada[14].
Mais significativa é a enfatização da verdade que a salvação é obra da
iniciativa e eleição divinas e que é fruto da misericórdia de Deus, uma obra de
sua graça e de sua paciência[15].
Jesus é o “princípio” e a fonte da salvação. Assim através do conhecimento da
salvação, os cristãos se subtraem à corrupção do mundo.
Os termos hebraicos para redenção e resgate, como os termos portugueses,
significam propriamente uma soma paga pela libertação de um objeto ou de uma
pessoa que estava presa. O termo é também utilizado de forma metafórica no sentido
de libertar ou redimir o povo de Israel da escravidão do Egito e isso não é
feito mediante o pagamento de um resgate, mas mediante o poder de Iahweh[16].
Em outras passagens é usado na forma de libertar dos perigos e das tribulações[17]
A redenção é obra do poder de Iahweh[18]
ou de seu amor [19]
e assume também o sentido de adquirir, implícito na idéias de redenção quando
Iahweh redime Israel para ser seu povo[20].
Como caminhar da história de Israel a ideia de redenção é transferida para a
redenção do indivíduo e é utilizada no sentido metafórico de “libertar”.
No Novo Testamento o próprio Jesus é o resgate e torna-se o pagamento
do resgate mediante a morte. O conceito de resgate implica o oferecimento de si
mesmo e também a natureza vicária de sua morte. O resgate é pago em favor de
outro o qual é o beneficiário do resgate pago, vale dizer, o benefício não
reverte em favor daquele que resgata.
O Papa João Paulo II nos ensina que “as testemunhas da Nova Aliança
falam da grandeza da Redenção, que se realizou mediante o sofrimento de Cristo.
O Redentor sofreu em lugar do homem e em favor do homem. Todo homem tem sua
participação na Redenção. E cada um dos homens é também chamado a participar
daquele sofrimento por meio do qual se realizou a Redenção; é chamado a
participar daquele sofrimento por meio do qual foi redimido também todo o
sofrimento humano. Realizando a Redenção, mediante o sofrimento, Cristo elevou
ao mesmo tempo o sofrimento humano ao nível de Redenção. Por isso, todos os
homens, com o seu sofrimento, se podem tonar também participantes do sofrimento
redentor de Cristo.[21]
“Deus amantíssimo, planejando e preparando com solicitude a salvação de todo o
gênero humano por providência especial, escolheu um povo a quem confiar suas
promessas.” [22]
Deus oferece ao homem esta novidade de vida. “Poder-se-á rejeitar
Cristo e tudo aquilo que Ele introduziu na história do homem? Certamente que
sim; o homem é livre: ele pode dizer não. A fé exige a livre adesão do homem. E
esta fé pode, pois, tentar perscrutar as circunstâncias da morte de Jesus,
transmitidas fielmente pelos Evangelhos e iluminadas pelas outras fontes
históricas, para melhor compreender o sentido da Redenção[23]
Podemos concluir que diante do Cristo crucificado, morto e
ressuscitado: por meio dele realiza-se a plena e autêntica libertação do mal,
do pecado e da morte; nele Deus dá a “vida nova”, divina e eterna. [24]Toda
a vida de Cristo é mistério de Redenção. A Redenção nos vem antes de tudo pelo
sangue da Cruz, mas este mistério está em ação em toda a vida de Cristo: já em
sua Encarnação, pela qual, fazendo-se pobre, nos enriqueceu por sua pobreza, em
sua vida oculta, que, por submissão, serve de preparação para nossa
insubmissão; em sua palavra, que purifica seus ouvintes; em suas curas e em
seus exorcismos, pelos quais “levou nossas fraquezas e carregou nossas doenças”
[25].
Cristo, morrendo, destruiu nossa morte, e ressuscitando, recuperou nossa vida.
[1]
Ex 12,27; 14,13; Is 63,9
[2]
Ex 19,5; 26,18
[3]
Tt 2,13s
[4]
Sb 2,23
[5]
CIC 55
[6]
Is 53,11; At 3,4
[7]
O estado de felicidade natural em que essas almas aguardavam a completa
revelação da glória divina chama-se limbo.
[8]
1, tm 2,4-5
[9]
Sl 36,7
[10]
Dt 22,27.
[11]
Os 12,4
[12]
Jr 3,23; 1Mc 3,18; 4,11; 2Mc 1,11; 2,17
[13]
Mt 9,21; MC 3,4; Lc 6,9
[14]
Mt 9,22; Mc 5,34; Lc 8,48
[15]
1 Ts 5,9; Hb 1,4; Tt 3,5; Ef 2,5
[16] Dt 7,8; 13,6; 15,15; 24,18; Mq 6,4
[17] 2Sm 4,9; 1Rs 1,29; Sl 25,22.
[18] Dt 15,5
[19]
Sl 44,27
[20] 2Sm 7,23; 1Cr 17,21
[21]
Salvifici Doloris, pag. 38
[22]
Dei Verbum, pag. 25
[23]
CIC, 573
[24]
Redemptoris Missio, pag 72
[25]
CIC, 517
Referências
BÍBLIA DE JERUSALÉM, 6ª. Impressão. SP: Paulus, 2010.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. São Paulo. Loyola, 2000.
DUFOUR, Xavier Léon-Dufour. Vocabulário de Teologia Bíblica.
12 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.
JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Redemptor Hominis. SP: Paulinas, 2008.
.......... Carta Encíclica Redemptoris Missio. 9ª Ed. SP: Paulinas, 2008.
.......... Carta Apostólica Salvifici Doloris. 1ª. SP: Ed. Paulinas,
1984.
McKENZIE, John L. Dicionário
Bíblico. 1ª ed. SP:
Paulus, 1984.
SCHNEIDER, Theodor. Manual de Dogmática Volume I. 4ª. Ed. Petrópolis:
Vozes, 2012
SAGRADO CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Dogmática Dei Verbum, sobre
a Revelação Divina. 19ª. SP: Paulinas, 2011.
TERRA, João Evangelista Martins. Lectio Divina: Leitura de meditação,
oração e contemplação da Palavra de Deus. 3. ed. São Paulo: Ave Maria, 2013.
TRESE, Leo J. A fé explicada. São Paulo: Quadrante, 1990.
Boa Leitura e até a próxima.
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